17.3.09

PEDRAS para sentar OU PEDRAS por assentar

Este é o banco
onde podes sentar as
pedras.

Mais tarde, quando voltares a
passar pelo banco,
onde descansam as pedras
adormecidas de sol,
atira-as para longe,
tenta acertar no alvo!
Há quem pense que é uma mulher bonita,
mas não acredites.

Ela não acredita.

Podes escrever-lhe um poema sobre pedras
ou sobre lagos
ou sobre bacias que guardam lagos com pedras.
Ela preferirá sempre o poema que não escreveste.

Podes passar-lhe a mão nas pernas e nos pêlos,
podes ver como arranham,
podes ver como doem.
Não são suaves como sonhaste que seriam os pêlos da
mulher amada,
mas são pêlos e são os dela.

Esta mulher pensa que a estética
se resume quase sempre a um corpo que baile bem.
prefere bronzear livros ao sol,
que é como quem diz deixar os braços fora
da janela do corpo,
e deixá-los avançar,
seguros,
satisfeitos,
num baile sem asas.

Das pedras, a mulher,
sabe de cor (e pela cor) o sabor
...e nunca foi o de sopa.
Fossem deliciosas as pedras
e bordaria com elas um coral.

As pedras são amargas.
As pedras são pesadas,
principalmente se carregadas nos bolsos
de um casaco que não se despe.
(e esse, tenho ouvido,
resguarda-se debaixo da pele,
longe dos toques
e das mãos)

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