Escrevo-te poemas como quem te diz coisas banais:
ontem mataste tudo quando violentamente agrediste o precioso que entre nós havia:
uma cerveja Cristal e dois corpos a cantar.
Como empecilho - sabes tão bem quanto eu! -não consigo viver,
prefiro a a companhia dos mortos e um entardecer.
Bebo para viver
e se falasse espanhol diria-te com mais certeza: vivo para volver!
Não se volta ao que se nos perdeu,
mas essa é uma lei estreita como a seiva de uma árvore mítica ou uma árvore de ouro
(tudo árvores, é um facto):
o tesouro - percebi nos últimos séculos - é estarmos atento e esquecermos a receita.
Vamos fazer novo do velho e quando me dançares como quem escuta
serei outra vez tua,
mesmo que nunca o seja,
sendo-o sempre, sempre, sempre, eterna......
Sou-te leal e para isso basta-nos o cinema....
De resto, hei-de cortar sempre a Avenida Central para passares,
fazer coisas espampanantes como essa de imitares que me morreste apenas para me magoar.
Lá fora está um calor que não gosto,
e então o Palma canta a melodia que hei-de pensar foleira:
Encosta-te a mim
e depois disso hei-de inventar:
veleiros- serão mais de mil!
o mar- tão grande ! (obrigada por me salvares).
Não tenho culpa.
Não tenho medo.
Vou.
Espero encontrar-te.