23.8.10

Sobre a escrita (o que ainda apetece dizer sob o candelabro intermitente do coração)


Escrever em act….o….s d…esc….ontí.-n----uos.
Escrever em diferentes cenários.
Escrever em esquizofrenia.
Ausentar-se para aproximar.
Tomar café e morrer.
Depois, tornar lúcido, sob a superfície translúcida da chuva.

Inadaptação contínua
As notícias do telejornal projectam o estado do mundo:
continua a revolução superficial!
“Só acredito na revolução feita dentro dos homens”
Artur do Cruzeiro Seixas


(em voz off, alguém improvisa desígnios)
1. A verdade a partir da pele chega para transtornar.

2. Qualquer mudança, se estrutural, é incendiária.

3. O amor pode acalmar a sede de arquipélagos, mas não aniquila o poema, transforma-o.

4. Quando quiseres volta a dormir junto à pele, o único lugar onde - ouvi dizer - é possível renascer incessantemente.

… e eu sei que te anima sentires-te um homem novo,
que te dói a velhice e não suportas cansaços...
mesmo que seja inevitável fragmentar a epiderme em rugas
e ver a agilidade dos olhos quebrar-se na monotonia dos dias iguais.

21.8.10

B Fachada . Cantiga de Amigo (e algumas notas cénicas)


(para dizer a gritar baixinho)
Segura a mão frágil deste vento,
debaixo do movimento esconde-se uma parede de sol.

Ondjaki escreve estas letras
em pormenores poéticos
- os mesmos que Bernardo canta e
são todos um, num reino onde Deus é gente! -
A mim falta-me um pigmento de luz,
essa aproximação que estala os dedos do tempo,
marcando compassos a partir da seiva e não do fel.
Tenho uma música de eleição que me ocupa
inteira a comoção,
por isso também me falta um jeito de Lulu,
uma sensibilidade, uma barba e um pincel.

(para cantar)
"... diz-lhe é bom ser teu amigo, mas igualmente bom ser teu amante..."

16828 vezes! - sempre eu,
sempre a mesma música.

(para ler em surdina)
Tarde demais.
Desligo o botão do repeat,
mas a pele cola-se à música.
o mesmo salão,
o mesmo baile,
o mesmo par:
a máscara sou eu!
A primeira vez tinha 18 anos,
apanhava o metro e crescia-me um medo corajoso,
como um rímel que alonga pestanas.
Depois sentei-me, recuperei essa escuta,
tinha mais de um metro e setenta de memórias
e amara o suficiente para desejar vinho, poesia e rimas difíceis.
Hoje são 16:49 na ilha e enquanto a casa se muda de mim,
navego nesta melodia vezes sem conta,
perco o jeito para os poemas
-se o tive ... se o tivesse -
e tenho um calor dentro,
uma ânsia.

No mundo que eu pensara
a real agonia era ver desfeito o sonho,
nenhum desses desalentos me obscureceu,
mas alterou-se de mansinho
uma coisa que talvez consiga explicar:
dedos maiores, onde se vertem tintas de canetas,
mas poemas calvos, como os cabelos castanhos
que voltam a ser brancos,
como se tivessem comido neve
e ficassem frios,
duros.
A pedagogia da alma treme aflita,
deseja não aprender nada,
não ver segura a vela do navio,
para ser peixe ou alga
ou algo...
A música repete-se.
Este poema acaba sem jeito,
nem (e)feito.

FIM

2.8.10

AULAS DE TEATRO. Porque antes do teatro ser fingimento, é verdade e encontro com o que de mais íntimo transportamos em nós


"Nesse mundo o teatro é a realidade, é o palco que formamos hora a hora, segundo a segundo. É este palco que tenho diante de mim.
Não há sinais de trânsito, nem multas, nem códigos, nem leis a cumprir, não há justiça, nem injustiça!- e sim, ao mesmo tempo há tudo isto!
(...)
Por detrás das fachadas que as pessoas apresentam caminha uma poesia que nos deixa ver um palco imenso, que em cada cena apresenta uma síntese dada por um espiríto universal, num momento preciso em que a verdade é a sua arte de comunicar."
Ruben A. - Páginas (V)

Aulas de Teatro em Díli, para gente crescida que gosta de passear-se dentro, de mexer o corpo, com a cabeça e o coração.
Que tem ganas de dizer tudo o que verdadeiramente interessa e gastar-se em dissertações inutuilmente saborosas.
Que acredita que o espectáculo está vivo e o maior argumento está em transmissão directa e chama-se VIDA.
Que quer horas diferentes no dia e na noite.

Juntemo-nos e façamos de novo, pela primeira vez, o nosso espectáculo vivo.

Quarta-feira . 19:00 às 20:30
Lugar a definir.
Início previsto: 4 de Agosto
Preço da mensalidade: 25 dólares
Preço por sessão: 7 dólares
Limite de inscrições: 15