20.2.19

No dedo médio da minha infância residia o futuro.
Numa previsão autêntica ,quimérica,avassaladora,
Os dias premeditados eram um acumular de cismas e de sismos.

As mulheres desfilavam nos meus olhos pequenos de existir,
eram personagens de um tempo muito certo,
fazedoras de segundos carnudos,
alimentando, cozendo, vestindo a rua e a paisagem.

Eram estas mulheres que depois -anos mais tarde- reconheci fracturadas,
parcialmente cobertas de névoa,
de desejos tenros e subterrâneos,
de coxas moles,pesadas,
de um secretismo -mesmo assim- esvoaçante.

Nesse tempo vieram homens,
Pelotões de seres,
magos,cantores,abusadores,
alguns poetas.
Eram caixas de Pandora desnudas
-o mistério estava gasto-
A felinidade encaixada numa tela de 23 polegadas
estendida num corpo,
como se aquele corpo fosse serventia.