27.5.13

ligações (in) OU afinal falamos todos baixinho e ninguém nos ouve

"A poesia é um gesto eterno", é o nome de um blogue que encontrei mais ou menos ao acaso
Do Júdice e reencontrado com amor:

como se o amor, de facto, pudesse mudar as cores 
do céu, do mar, da terra, e do próprio dia em que nos vamos 
encontrar, que há-de ser um dia azul, de verão, em que 
o vento poderá soprar do norte, como se fosse daí 
que viessem, nesta altura, as coisas mais precisas, 
que são as nossas: o verde das folhas e o amarelo 
das pétalas, o vermelho do sol e o branco dos muros

Iremos devagar até esse maravilhoso precipício.
Marcarei a hora certa para que tudo certeiramente falhe.
A emoção da espera acende desejos encobertos,
o tamanho todo do amor (ou do desejo?)
Dirás disto, desperdiçar ponteiros de relógio, pontas de cigarro,
pontes que distam acertivamente as -nossas- impossibilidades.

Se for caso disso, inventarei recursos estilísticos
para moldar essa quimera:
tropicália,
rum amargo,
passaporte para qualquer destino,
surpreendente odor...o teu.

Antes organizarei a viagem com a minúcia do coração:
os teus olhos para rever,
os teus dedos para observar,
o teu corpo franzino de alma para prender...
momentaneamente.

Depois será manhã sem nenhum tipo de sacrilégio
ou talvez sobrevoe por ali uma pena de pássaro
e escorra a tinta certa para te descrever que em mim nada flutua,
tudo o que te parecer superficial, oco, desconectado,
será a minha melhor performance de gato assustado.
Nunca amo tão longe como o poema
-a torrente do poema-
ama-me a partir daqui ou vai.
Tudo o resto é sempre menor.

De qualquer forma vou propor-te esse passeio,
jantaremos por aí, desde que o vinho seja aceitável teremos motivo para continuar,
mais tarde um beijo, um baile e o regresso a casa.