26.8.09

Cada menino tem a sua aldeia... cada menino tem a sua ilha...

MELANCOLIADOCEÉUMACOISAQUEOCUPA OSOLHOSOCORAÇÃOETUDO.TÃODEPRESSAAQUECECOMO ARREFECE.ESTAÉAILHAREALDETRODEMIMREALCOMSERESREAISDEAUTENTICO
AMOR.

TODOS OS RASCUNHOS. AS ESCRITAS QUE FICARAM SUSPENSAS NO TECTO DA CASA.

Os proximos textos a serem publicados agora mesmo estiveram na sombra da casa, debaixo do telhado, tímidos de meter dó, porque não estavam inspirados, estavam meios mortos, tentavam ser interessantes.
Os textos que se seguem depois deste estão incompletos, estão tortos, são frágeis. São defeito. Vão saltar agora para fora da casa, passear no jardim, só porque sim.
Finalmente livre.
Nota: Como foram textos escritos ao longo dos meses e guardados, alojaram-se agora nos devidos quartos. Sairam dos fundos para ver alguma luz. Estão numerados de 1 a 27, nos respectivos meses em que se escreveram.

POEMA . o jogo do poema

POEMA
com P escrevo pato e patife
com O escrevo olho e ovo
com E escrevo
com M mio porque sou gato
com A Amor porque ainda não encontrei palavra que se ouvisse melhor, que soubesse melhor, que fosse tão, tão, tão boa de se dizer e fazer.

MANIFESTO só porque sim, simples homenagem às composições que nos iniciaram nas artes de pensar nas evidências e repeti-las até à exaustão

eu escrevo nesta casa, porque esta casa pensa-se mais rápido do que eu. Os trabalhos de costura da escrita, faço-os no escurinho, só eu é que vejo e mais nada., mais ninguém.

esses trabalhos depois vão para montras e podem até fazer livros... não se sabe... nunca se sabe.

esta casa, como é a minha casa, é também um espaço de liberdade e coisas boas e más e ... um espaço do que as coisas lhe apeteçam ser. e isso é bom. e isso faz falta.

todos devemos ter uma casa.

Nota:
Evidências repetidas até à exaustão nas composições:
1. A Primavera é uma estação do ano.
2. O Dia do Pai é no dia 19 de Março. Eu gosto do meu pai.
3. Quando crescer quero ser ... porque ...
4. Nas férias diverti-me muito.
5. ...

Carta da cidade queimada

Eu vinha dizer-te que houve um último incêndio. As pessoas em delirio entraram pelas bocas dentro. Eram pessoas caídas por todo o lado... uma devastação. Eu passara tantos anos a amar-lhes o rosto, não pude crer que morriam por ali, dentro de mim, dentro da cidade que também sou.

Recuperar a terra demorou tempos que não te sei contar, mas fez-se, porque o tempo tem tudo o que é relativo dentro: estica, estreita-se, dilata, esfuma-se. O tempo é uma doença que se cura com..... tempo.

Neste incendio também senti feridas as aves, as estrelas, as figuras dos museus. Ficou tudo devastado nesta última estação.

Enfim, não vim para causar confusão, vou sair de mansinho para que não me escutes. Conto-te o último relato desta embarcação quando já não avistar terra.

Silêncio que se vai cantar o nada.

25.8.09

Falhar (so glad to see you . Hot Chips)

Se voltares,
aconchega as pedras da rua.
dá-lhes a docil tendencia dos astros
sob o céu de Verão.

Quando voltares a escrever,
diz-me desses dias onde estiveste, silencioso e atento,
a observar uma floresta crescer dentro da mão de um provável amor.

Esqueci-me -mais uma vez-
que o coração não se força a nada,
tentei amar um corpo plástico e perfeito.
todo ele feito à medida do meu capricho:
enervava-me,
atirei-o às margens do vazio (donde nunca saíra).

Eu nunca pedi para escreveres poemas,
basta deixares um número para o qual possa ligar,
a noite tem picos de dor,
é uma febre estranha que me visita.

Posso ligar-te pela manhã?
Há pirilampos que não sucumbem na madrugada,
podemos procurar-lhes as ocultas belezas,
como essas que trazes debaixo de ti.

Vamos repetir tudo,
invertendo as cenas.
Eu farei de ti, acreditas?...
...repara como sou ineficaz
quando tento ludibriar-te..
nunca saí para um terreno que não fosse eu,
mesmo quando me reinventei.
Se amares a metamorfose que te conto,
poderemos criar melodias,
fazer poemas ou saladas,
comer gelados e pensar livre....

Agora calo o poema,
sei que te aflijo quando parto para metáforas sem
pré-aviso
(são 20 segundos de pura beleza,
qual droga tropical no meu delirante desejo de pássaro).

Quando voltares faremos tudo à tua maneira,
gostava de me experimentar em ti, assim,
inteira.

Ainda me vives,
se te ralho é só porque não vês o que eu quero que vejas:
os meus braços, as minhas pernas,
o meu umbigo,
todas as partes de mim.

Devias tornar-te atento à imobilidade.