26.3.11

Tum Tum Tum

Agarra-me com a fivela dos teus dentes,
onde - ouvi dizer - morrer é amanhecer crocodilo,
peixe de Nantes (esse inimaginado),
figura de cinemateca a aguardar estrelato
no cosmos desatento de um qualquer lunático.

Estou a desfazer esta nuvem em bocados de papel,
para reparar a combustão de um motor que nada a vento lento..
eu tento, eu tento, eu tento,
mas pouca terra, dá pouco fruto
e a nêspera morreu, tal como o Leiria previra nos seus gins.

O mundo - disseram-me - vai acabar no dia 21 de Maio,
por isso, decidi conspirar contra Noé
e levantar-te da poeira.
Se morrer, que seja em grande:
um sorriso minimal - teu -
arte contemporânea no meu visceral tum-tum-tum interior.

Vamos por aí cantar esta canção,
quero ouvir esta música na tua mão,
essa concha complexa, onde escreves sobre mares que te desapontam os lápis
(és tão menino, pequenino, docinho de limão, grainha de Aquiles no céu da minha boca)

Se te lembrares de trazer o piano (tua certeira identidade),
guarda-o nessa varanda com vista para a imensidão,
poderemos retocar as teclas com o que nos resta da fantasia
e rebolar, poetas-profetas, como catástrofes mundiais.

Celebremos a recente antologia onde nada se preveu
passível de singrar,
somos todos artistas falhados a repetir o palco
(tenho asfalto nos bolsos para desconcertar as ruelas)
Amanhã volto a tocar o sucedido acontecimento:
corpos de peixe náufragos de uma manhã contínua,
chuviscos de suor e fadiga
e um copo tinto de ti,
tambor,
guitarra,
delícia.