21.3.10

AnyWHERE ARe you

Tenho estes espaços nos meus braços,
recuperam formas que nunca tive e parecem odes:
Comovem.

Eu estava sentada, o tempo era lento e ignorante,
desvendava sinais pelo hábito da confrontação.
Porque se eu rasgasse inteira a folha 30 do meu diário,
teria a BOLD um recado único e primeiro:
descobre o tracejado dos meus olhos,
essa incontínua linha que pretende revelar amor.

Em palavras numeradas,
o amor arruma-se num armário,
o quarto desfaz-se... afinal, o armário ocupa tudo!

Dá-me as tuas mãos longas de sombras,
derruba a carne neste alpendre virado ao sol,
somos dois e temos um jardim,
basta-te?
´
No último compasso envelhecemos e rimos,
afinal é bom saber a teoria das rugas,
o chão move-se e não há catástrofe,
os rostos são de pão e comem-se.

Eu espero-te num relógio sem hemisférios,
sou um insecto nervoso, sentado no cotovelo do meu susto.
Parei para fazer este poema e não lhe vejo o fim,
tem gente que se move dentro, cativa-me,
devias chegar para ver como a ilha é e não é.
Esta ilha que emerge,submerge,
e eu tenho um arquipélago a servir-me de dor.

Regressa quotidiano à minha argila,
moldemos este chão, este cheiro, esta dor.

Ocorre-me que é Verão, neste lugar que chove quente,
guardas-te, empoleirado pássaro, no cotovelo do meu braço esquerdo
- o mesmo da dor-
quando emitires a corajosa frequência,
escrevo-te inteiro.

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