2.7.07

Multiplicando a espera


Relógio perdido no fundo do pulso, entre artéria e artéria. Ele- o relógio- permance, palpitante... espera-te. O meu relógio espera-te e os dias de espera já passaram todos e voltam a repetir-se.


O meu relógio, afinal é de osso, tem esqueleto. Quando ontem, deitado na cama, embrulhado num lençol amendoado, perguntaste, porque esperava, eu não te disse nada. Não se espera um morto, segredaste, pousando agora o corpo pequeno e pálido na tua alcofa de menino.

Só quando sumiste do campo esverdeado dos meus olhos (num verde agora mesmo inventado), respondi-te à letra, na letra certa que se poderia cantar, se eu tivesse a voz ou a guitarra:

Estou ainda à procura de violetas num prado dourado. Foi o Herberto que as evocou - as VIOLETAS- e eu nunca duvidei que elas- as Violetas- existissem. À espera.



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