14.7.07

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Chagall

Durante horas e dias, ele passeia vagarosamente, dentro de si. À sua velocidade, séculos depois, ela chamaria AMOR.

Ele apreciava a lentidão do pensamento veloz. Saboreá-la, pressentir-lhe os segredos, e depois quedar-se novamente, sentado numa grande cadeira transparente, que ocultava o seu primeiro esqueleto. Ela conhecia-lhe a segunda e a terceira pele, os mil esqueletos, o calor dos seus olhos.


Ele observava o mundo através duma grande janela. Do outro lado do vidro, passeando sob a planicie, a voz dela contava-lhe o que ambos os corações viam:


"Casas contornadas de presenças, gatos e cor. Os gatos brilham muito no escuro, apesar de ser dia. Dentro da rua, as pessoas circulam. Uma criança leva um balão e sorri. Uma mulher chora com muitas lágrimas, mas ninguém se comove. O trânsito aflito segue e segue e segue. Um homem abraça uma mulher, depois segura-lhe a mão. Vai."


Ele comove-se. Depois senta-se novamente na sua grande cadeira.Ela convida-o a passear no seu astro pessoal. Ele vai, sucessivamente, multiplicando o sol. 55 vezes, diriam mais tarde, sorrindo, um ao lado do outro, um dentro do outro, aquáticos e plenos, como o "dia primeiro", o princípio de cada um.








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