21.11.10

Á

É um sol!
É o sol com olhos curiosos,
quando se alastra recupera em vez de perder.

Curou-se-me  uma doença
que me sufocava o dedo mindinho
e agora crescemos juntos,
temos mais mãos,
as tuas, as minhas, as nossas:
a amplitude é um fenómeno de amor,
mesmo que o Verão Azul seja uma metáfora de mau gosto quando se troca o continente
por uma rua sem patacas.

Afinal,
um sorriso também se compra por outro sorriso semelhante,
esse preço rasgado em notas deixadas ao acaso nas algibeiras.
Releio em voz alta o que me dita este acaso escrito em epiderme:
visto-te de lua cheia e levo-te para a rua,
para ensaiarmos novamente o teu desejo
OU
sempre que te escapas dos teus olhos
apuras o condimento essencial, eu comovo-me.

Se tiver saúde na alma,
este Inverno vou tentar praticar a beleza,
é bom que não me repreendas pelos maus hábitos dos meus caprichos,
não gosto quando me anoiteces o sonho.
Escorrega antes  para dentro do meu silêncio,
podemos trocar ideias acerca de determinados rituais
que somente as plantas conhecem.

A última mulher que eu conheci hoje,
chamava-se Feliz e só parecia triste
- não sei o que faça destas ironias-
mas vestia os lábios de palavras honrosas!
A verdade é que ela sabia o que era estar só e
essa, era nela a única coisa verdadeira.

Vamos trocar ideias acerca desta assunto?
Em que lugar classificas o teu mundo?
Competes com o teu diafragma ou cansa-te respirar fundo?
Amacias o amargo ou dedicas-te a praticar-te limão?

África ensinou-me a aprender tudo outra vez,
não me esgano, nem te atropelo,
sou um carrinho de linhas a coser linhas num caderno por escrever.
Mais tarde voltarei a cantar-te,
Toumani sabe mais de mim do que eu imaginava.

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