17.5.10

DEDOS

Este poema em gerúndio recorta-se,
junta-se para formar a inesquecível película deste retrato,
mas tem sépia no eco,
quer-se em púrpura,
que é esse incêndio atrás da paisagem.

Os dedos podem ser gente,
repara como se movem, como se limpam,
são rápidos!
Também os dedos dedilham,
fazem um tricot malabarista-
sabia que te comoveria este meu modo inseguro de fracturar o tédio,
mas ao que chamarias cinética,
eu chamei vulcão.

Eu sou pequena,
muito pequena...
não me corras se eu te doer,
aparo a franja deste destino,
mas sou descuidada,
só quero livros escritos,
letras em cima de letras,
e mais uma vez,
letras em cima das minhas letras que soletram o teu nome.

se tiveres o copo vazio, aguarda pacientemente a tempestade

Este poema está cansado,
vai ler uma revista da sua actualidade,

Lá fora -pelo menos tão cedo- não voltará a ser Primavera.

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