31.5.10

Turbilhão ou se esta roda girasse sempre em redor do sol...

uma forma única desenhada nas nuvens, repito a lenga-lenga do azul,
deixando deslizar as letras para longe, até serem apenas um anagrama incompleto:
LUZ.

pus-me a pensar nas dicotomias bizarras,
emocionei-me,
escuta:
duas longas mãos com o eco de pérola,
um lago de ouro em vez de um corpo,
uma canção em vez de uma morte.

no céu deste lugar,
a solidão é um estado de graça,
um planeta pode ser quadrado e pressagiar infinito,
um coração pode rodopiar-se no seu próprio pião,
ou procurar-se imaturo,
como quem pela primeira vez  -finalmente- cresce inteiro.

Preciso avisar-te:  um incansável fantasma maquilha a angústia,
e natural que haja vinho no copo,
água na turbina deste motor vivo.

será ilusão permitir este mergulho?
diamante, dinamite,
uma inconstância corta-me as garras,
acalmando o felino com êxtase,
essa droga que faz ceder os tendões do arrependimento.

tudo é outra vez o novo, de novo.
o gato espera um tapete que voe,
Aladino quimérico,
consome o retrato com a tua fotografia de passe,
passando primeiro a tua rua,
depois a tua fúria
-hoje gira para ti!-
guarda-te num bolso cheio de janelas,
cobiçada arquitectura da morada que não prometes.

é um gato e está cansado,
aninha-se no meio do tufão,
contrariando a ciência,
voa...

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