8.6.11

in Beirut ( Veneza que não existe OU evocando David Mourao-Ferreira

A
carta que te escrevo
chega desfasada em longos segundos ,
nada saberás do peso do ar que inspiro quando deito a minha cabeça na almofada do mundo,
esse que por incompetencia lunar
          - tramou-nos a astrologia -
me escapa!

Se viesses sozinho,
entregue a este pedaço de sol recortado em ninharias
- para que saibas do que te falo, nomeio-as:
- um retalho de falsificado cetim,;
- um álbum antigo de Nick Cave;
- a minha fotografia mais sombria (quiçá, a mais verdadeira!);
- um livro por escrever do Pedro Támen;
- o malmequer amarelo na casa morta de al berto (o vivo);
- a minha tesoura de pegas verdes (para recortar mundos e fundos e fundos com mundos)

e se até um manatim - esse estranho -tem história que vale a pena ser narrada, amada, amarrada,
a minha história tem coisas que se mudam de lugar, instintivamente (são as sedes).

Outra coisa importante: acho inútil uma vida sem parêntesis... é como uma vida mais acre, sem travões a fundo de nós, sem partiçhas inconscientes, movimentos desorganizados de círculo, pertença: MO-RAN-ÇA.

(...)

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