11.9.09

DIVINO . parte 1

A minha ultima filosofia foi esta:
engolir vento para distrair o pensamento.
parece absurdo, mas antevejo um mundo poético e surdo,
não te arrelies se me vires a esboçar gestos para a lua,
no fundo sempre me cativaram os silêncios.

Conto a história de 2 homens que tiveram 3 filhos,
a partir daí fizeram palácios,
para mim tornaram-se inúteis as antiguidades,
eles eram presenças multiplicadas em beleza:
Um fez-se música, o outro fez-se vinho.

PIERRE MAUBILLE ESTUDA O MARAVILHOSO,
DEFINE-O COMO O ACASO RARO E IMPROVÁVEL QUE NOS REVELA O DIVINO-DIVINUS.
Este poema foi feito de propósito para ti,
para que te coubesse inteiro numa quimérica conversa
de lés a lés longa,
diversa.
Sei que te inadequas em busca de centro,
o avô transformado motor,
avião de rapina,
iminente movimento que se persegue em redutos inarráveis e alquimicos.
Estou longe e escuto o som veloz com que te corres em sangue.
No limite só recorto papel para que me escutes,
perco-me em estratégias que me diversificam,
prevejo nas tuas mãos linhas que não asseguram conjugações perfeitas.
Explico-te agora
o que não caberia num teclado inútil,
fazes-me barulho dentro,
iluminas artérias.
Deixa-me por enquanto inábil,
procuro a perícia com que encantas os móveis imemoriais,
devias profetizar as sensiveis sabedorias que recolhes
em respiros.
Dispara-me histórias,
tenho epidérmicas sedes,
dói-me quem morre mesmo que não seja dos ditos meus,
sensibilizo-me com paisagens simples,
não me sai da cabeça a imagem do saco de plástico do American Beauty a esvoaçar
durante longos segundos na tela do cinema.
Tenho pericia para inúteis afazeres,
gosto de botões sem casa,
guardo coisas pequenas em espaços mínimos como um coração.
Tens medo?
Ignoro a resposta,
mina-me a pobre intuição.
No entanto, sei:
Nunca temerias ver-me acordada sobre nenúfares,
mas não sou rã, nem mulher,
misturo-me em mesclas,
pinto-te o cabelo a ouro acetinado,
teach me something wonderful!
No entanto,
agressivamente afagas a prateleira dos vinhos alentejanos,
divides por regiões o que não se pode dividir.
Tenho uma península demarcada,
reajo a combustões,
escapo por conveniencia,
educadamente celebro e destruo,
tenho duas mãos aptas e polarizadas.
Registo neste espaço aquilo que o quotidiano inutiliza,
para que leias o que te couber em delícias.
Devia dizer-te mais,
mas tardam-se os dedos e eu vou mais veloz.
Vejo-te amanhã?

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