10.7.08

CORAÇÃO

O coração sai do corpo para voltar depois a correr para dentro dele. Nessa altura instala-se, soberanamente, por entre os precipícios do medo e quando corre bem, consegue construir um castelo.

O coração é inocente e tem o tamanho de um ovo. Prepara-se sempre para transmutar a pele em pena, anseia um corpo bizarro: quatro braços, ancas duplas e longos dedos.

O coração é pequenino, de uma infância comovedora e cruel. Encontrá-lo dentro do peito, aceso, em longa erupção, é ainda um fascínio, mesmo depois de conhecido o deserto de um co-R-po vazio.

O coração parece quente, quando visto à distância do longe. Conhecendo-lhe a temperatura interior será, escusado falar dos trópicos e dos pólos. Escusado será procurar o calor exacto, que torna comuns os diferentes.

(cont.)

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