Antes da Partida:
Colocar os poemas nos olhos e navegar.
Distância a percorrer:
Sempre mais e sempre menos do que a primeiramente imaginada.
O mar vai mais a direito para quem tem lados esquerdos cantantes.
O homem tinha um nome ridículo, mas nada nele ecoava matérias daquela estranha fonética.
Como dizer?...Ele era um poeta e tinha a idade do mundo
(que é uma coisa variável e pouco precisa),
Suspirava através da pele, modo tosco de dizer que todo ele transpirava não havendo -no entanto- água visível nas suas redondezas,somente um suor latente, uma ânsia de eternidade,
ou de ser nu como no primeiro dia em que veio ao mundo,
a única inteireza que ele tinha de tudo ignorar e assim conhecer.
"Retoco os meus poemas todos os dias, antes de adormecer."- disse-me.
(eu gosto tanto que me digam coisas)
Ficou-me a frase, a mim que só me ficam cheiros e suposições
(e intuições),
espécies de tábuas mentais de adivinhação que lêem o mundo
sob uma estranha "INFLUENZA" !
Claro que isso me serviu de explicação para o que se seguiu
e ninguém gostou de ver:
Disparatei e enchi o corpo de esquecimentos,
afinal abandonara-me
- E EU SIM!- tinha um nome ridículo adquirido no último nascimento (relembro: Novembro de 2010),
aquele que mais arrasou das planícies.
A ventania trouxe-me febre alta,
o fogo todo aceso da extremidade do dedo maior ao cabelo mais ínfimo,
porque sofro das ferozes contra-indicações e apostaram-me num cavalo que não gosta de corridas,
prefere manhã e morrer na Serra a ser silêncio:
O poeta está lá,
invariavelmente todas as noites,
na mesma cadeira, no mesmo vinho,
no mesmo poema,
a limar-lhe os cantos, a acrescentar-lhe outros.
Se tudo correr bem, nunca mais o visito.
Não suporto amá-lo desta maneira,
sem padecer de mim,
da vida inteira.
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