8.2.12

La derniére fois (Cléo au Trapéze – Yann Tiersen). A kind of Tarantela. Este poema tinha que ser visual, desculpa o mau gosto.

Wings of Desire- Wim Wenders and Peter Handke (a ODE)

Penso:
Põe-me do avesso para poder voltar a ver-te dançar!
Sussurro:
Põe-me do avesso para poder voltar a ver-te dançar!
Repito:
Põe-me do avesso para poder voltar a ver-te dançar!
Grito:
Põe-me do avesso para poder voltar a ver-te dançar!

(a memória guarda-se (te) no lado contrário da cabeça,
no lado de dentro dos olhos
no lado de baixo do mundo)
Quero rever (TUDO)  ,
coisas como por exemplo:

O aquário (improvisada pista de dança) tinha a medida do teu sonho,
o que era uma forma de o nomear vasto.  amplíssimo.  imenso.

A circunstância:    
Era 1997,
fazia Dezembro em todo a banda,
eu envelhecera para ter o tamanho certo para te caber.

Pelas laterais surgiam sóis que eram muitos, ofuscavam!
Essa incandescência era ,no entanto,
mui tímida, silenciosa,
contradizendo os princípios do fácil esplendor.
Redundantes espectros, bem vistas as coisas,
porque a vida a sério nunca se vislumbra em ocasiões festivas.

Porquê?
Porque avistando-te à noite
agarrado a uma mulher de andar estranho e origem duvidosa,
a beber vinho barato que tinge os dentes cor de sangue

…e tu a sangrares coisas de tempos que não sabias materializar
…e eu imersa em desgosto de não ser corda vocal para sonorizar o mais fundo de ti…

Parecias vulgar,
tipo coisa de se dar gratuitamente e sentir alívio ao ver ir-se embora,
porque possuído de ruim /atormentada/ aparência.

Claro que o teu íntimo era outro!
- Esse era o motivo!-
esse foi sempre o motivo pelo qual voltava aos teus lençóis e chorava como um bebé
que sofre de toda a tua ausência - da que foi e da que virá –
TU ÉS A AUSENCIA!
Porque eu era a evidencia -a PROVA- da quimera
quando enredada em ti
e tudo, mesmo o teu predilecto excesso, podia ser objecto simples de agarrar e comer - sem saborear!
O sabor perdura longamente - avisavas-me! - enquanto vestias a cama de coisas que eu não queria ver.
Afinal também sabias ser mau, vocação que te defendia da dor.

Antes de consumir a tragédia,
partias os meus desejos em coisas práticas e feias.
Eu, transformada algoritmo
-sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas, segundo a Wikipédia-
voltava aquela casa “que não tinha tecto, não tinha nada",
viva de irónica infância.

Deixo-me na montra do palacete onde celebraremos o casório do impossível,

Para que não te enganes ao encontrar-me, situa-se numa janela principal
mas talvez atravesses a rua novamente sem olhar.
Sou bibelô onde podes pousar a beata do cigarro
e deixar -como numa dança- o olhar fugir-se e pensar.

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