22.6.09

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Tinhas deixado na mesa da sala um recado inútil.
rasguei-o para te dizer que do meu avesso,
avistas as palavras certas para compores em verso um sorriso
ou um barco retalhado em papéis dispersos
que sejam apenas ode de amantes
ou náufragos.

Quando voltares a passear nas montanhas do meu umbigo,
seguiremos com as mãos a rota das estrelas.
Ferirás a primeira dor,
para lhe causar medo,
mas de nada valerá

Serão tuas as caricias deste vento que me chega de empréstimo?
Serão tuas as formas que cavalgam a planicie horizontal?
Serão teus os sussurros dos passos invisiveis dos anjos?

Deixa-me ser dramática,
decorar-te o quarto com semblantes de sereias,
inventar-te um itinerário de amor.
Quero-te de braços inteiros semeados nos meus movimentos.
A tua sombra tem eco?
Porque te escuto se deixaste o quarto vazio pousado em cima da minha ternura?
E agora o que faço da minha ternura transformada tesoura?

Cortaste-me o coração à escovinha e ele nunca mais cresceu..
Mirrou e nem um pássaro lhe debica o rosado contorno.

Por isso deixei de te cantar

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