4.9.08

Para tais momentos de duração permite-me o poema usar um verbo especial: eles constelam-se . Peter Handke

Bater no tecto do céu e a partir daí escrever uma pauta. Não interessa se de sons ou de palavras. Trata-se de orquestrar o céu, descodificando-lhe primeiro o azul, depois a carne das nuvens.
Comer os frutos das estrelas, que sabem a noite, escrever um poema ou dois, relê-lo(s) e deitá-lo(s) fora. Sem marcas, como se o tempo fosse essa indiferente leveza.
Trata-se de quebrar a proporção, caprichosamente e depois reclamar a ordem, a organização, como se uma casa coubesse inteira numa respiração.
Não cabe. Nem casa, nem coração. Se atentos, poderemos sentir a expansão dos afectos, dos pensamentos nas ramificadas sedes do pensamento.
Depois de poema rasgado às costas, explorar apenas a superfície lunAR, sem desejo de intimidade. Paisagem apenas.
Without beauty, mon chér.
Assim, sem marcas, apenas a memória de ter tentado compor uma constelação nova (mas faltaram estrelas, pincéis, pianos e o cansaço provoca arritmia nas palavras de beleza. Assusta-as).

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