11.9.07

Tratado para a reinvindicação do real


Quero dizer-te que:
os braços, os dedos, os dois cotovelos e a sua pele enrugada, os pelos descolorados, o nariz aquilino e grave, os olhos.


Quero dizer-te que:
as artérias, o sangue, a água da saliva, os rins, o estômago, cheio ou vazio.


Quero dizer-te que:
o batimento cardíaco, o sono trocado, a ansiosa transpiração, o aperto no coração, as dores de ovários.


Quero dizer-te que:
o ideal romântico, a imaginação acesa, a desordem interior, a certeza de continuar, a perturbadora timidez.


São pura e absolutamente reais.

6 comentários:

  1. finalmente... reencontrei-te.... alvíssaras ao Mercado Negro!!!!!!!!!!

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  2. gostei :)

    WWW.MOTORATASDEMARTE.BLOGSPOT.COM

    Quero uma indumentária heróica de viagra
    que esvoace imbecil até ao famoso noivado
    entre o basalto extinto do orgulho pessoal,
    que o profético nú berbere me atinja arrepiado
    com manchas bronzeadas pela fera temporal,
    perigosamente fervilhante é manter a essência
    altiva por entre éticas erupções da oposição.

    Quero prever as imparidades dos dados,
    contar as cartas servidas pelos profissionais
    que descartam ágatas a elefantes viciados
    em perder por azar, despedir-me da vitória e
    desiludir meu parceiro, fundido com a concorrência
    que me descaracteriza, vasculhando nos alpendres
    esforçados por sofrer sozinhos, suas baças brumas.

    Quero extravasar o pedante silêncio da precaução
    psicoactivando o corpo passivo de raiva, contra
    o eco do horizonte convergem doces gases herméticos,
    agrupam-se raptados pelas cordilheiras sobrepostas
    e escondem-se do que só sabem não existir, mares que
    nos separam da fantástica Saigão violentada a napalm,
    bebem com guelras e sobrevivem em lanchas de pic-nic.


    Quero a paresia das penas brancas, bolotas
    aninhadas num seio de palha e movimento
    afogueado pela marginalidade das estreias,
    baloiçando na caspa que a areia da Basileia levanta
    ao olharmos para o preto ópio, anuncia-se
    um julgamento concreto, ofuscando a gota
    que nos fundirá em oferecidos duetos afinados.

    Queria era que um desastre anémico
    despertasse todas as igrejas, aeroportos,
    mesquitas, budas, sem-abrigo, embaixadas,
    vigaristas, exércitos, comerciantes, terroristas,
    e ditadores nenucos se conjugassem na prática do
    desenvolvimento sustentável da escassez básica,
    replantados num primitivismo tecnológico que
    escuta toda a gente sem vigiar ou intrometer
    nem ninguém julgar aldeões consoante padrões
    com que só espertalhões podem automatizados
    duvidar, argumentam novas retóricas paracetamol,
    pois nas grutas apedrejavam-se agendas e riqueza:
    caça-se, fode-se, come-se, canta-se, dorme-se
    em sintonia desvairada com a bandeja de lianas
    e fica para amanhã outro ícaro da coligação
    à irmandade que tudo fará por si mesma
    quando aprender a desligar a electricidade.

    IN quimicoterapia 2004

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  3. gostei muito. a forma como está construído está excelente.

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  4. As palavras são mais reais do que o que dizem.
    Por vezes são de veludo e descrevem coisas nuas.

    :)

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  5. Férias grandes??? Já estamos no outono e sabia bem folhas escritas com palavras quentes...

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