4.9.07

nenúfar na memória breve. hoje ouvi dizer que faria sol, do outro lado da península do desejo. Ouvi dizer que "hoje" é um lugar demorado e tardio

e era noite há muito tempo, ou assim me parecia... tornara-se noite no repente que traz um poema e desfaz as mãos em caruma (qualquer coisa que se queima, qualquer coisa que se incendeia... e a vida volátil, ri-se irónica, por cima dos meus ombros agrestes).
e vai-se a mácula e rasgo as cartas que escrevi dentro da cabeça ou nas paredes do corpo (confundo a anatomia, tenho dormente o cérebro e talvez durma muito, quando passares por completo) . Todo ele - O CORPO- cheio de cartas por abrir, outras por escrever, outras por baralhar... e eu que baralho tudo, que penso saber importantes métodos de salvação, saio à rua e estou vazia, oca.
deixas então o espaço possível, ultrapassas-me os braços e és muito veloz (e eu tenho todos os sustos despertos desde então, porque não voltas a imaginar divãs, nem eu volto a ser diva, ou qualquer coisa de muito humano, muito simples, muito fácil de amar) . Dizes-me que afinal, os poemas são das matérias difíceis, as mais fáceis de desperdiçar. Não ouves o outro lado da voz, mas estás seguro e eu tenho-te inveja e uma incomparável ternura.
Apetece-me balear-te a voz com discursos surpreendentes, comover-te de espanto, ver abundante água a pass(e)ar, comer gelados de chocolate, inventar sopas e chinesas, tocar pianola e folhear-te os olhos.
Hoje apetecia-me que tudo acon- tecesse.

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