15.3.07

Falta-me o exercicio da tua escrita


Era manhã e eu rascunhava no teu peito um insólito coração. Surpreendido, olhavas-me entre as pálpebras e repetias baixinho, sem deslumbramento, os meus gestos e artificios.
Eu buscava-te no lado oriental do meu desejo, mas dizias-me alto e a vinte vozes, que o desejo é o ego, o ego não se faz eco, o ideal é metáfora e os meus passos são trôpegos e frágeis para escalar uma montanha a frio.
Pensei-te pretencioso, mas como uma boa marioneta de enredar segredos, calei a voz, num poço fundo e retirei-me de mansinho para o meu silêncio, de acidentados vales, onde te sentavas, atento ao que já passara e ainda ardia...

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