16.9.14

"O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida quotidiana." Augusto Boal
Se puderes, solta a mão que te agarra ao coração.
Observa-o a crescer, longínquo, como a sede de alguém que conheces tão bem que só a liberdade pode ainda acrescentar surpresas.
Não desanimes com o óbvio dos seus olhos ávidos,
a ferocidade da suas breves paixões

                                                                       - posteriormente-

os solavancos tristes depositados inteiros nos teus ombros,
no teu peito,
no teu limbo.
Tão dócil, o selvagem, encaracolado em ti
(frágil planta de lua cabisbaixa, menino sem hino, nem pátria)!
Se te for possível, deixa que voe para além de ti.
Sonhaste que fosse pássaro, cavalo ou peixe,
- qualquer espécie que não tivesse o cárcere cerebral encerrado em si-
respira-lhe o desígnio e deixa que te fascine em carícias
porque é breve o riso e longa a espera.
O menino cresceu rasgando linha de caderno,
de mãos,
de roupa apertada porque costurada mil números acima do que desejara.
Sem desejo é como ter sol escancarado e não ter mar para amaciá-lo.

Não vale.
Tarda.
Tarde.
É tarde.

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