14.9.12

Cara Parede e Lhasa

Um dia disseste-me:
tenho o meu nome esquecido na tua almofada.
Eu gostei da melancolia de encerrares essas letras no domínio dos meus sonhos
e -erradamente- tomei por certo o desígnio.

Depois passaram-se muitas noites e algumas tinham tempestades (fortes como um pássaro que morre)
outras eram apenas noites na contagem e essas,
ENTEDIAVAM-ME.

(queria espasmos no tempo, máquinas para brincar com a pulsação)

Voltava a ler o teu nome e era uma espécie de sorriso ou crença,
como um deus intermitente.
Milhares de festas ocupavam o calendário para disfarçar o que dói,
embora continue a achar que a alegria é uma tatuagem sem retorno,
embora mutável,
embora mutante.

No Verão ardi a última floresta de ti
e nem precisei de vinho,
bastou a combustão das células embriagadas de cansaços e promessas.

A almofada bordou-te e esse é um lamento que se acrescenta ao mar que canta
(desafinado como o coração)
Os mitos ainda te escutam,
eu não.

Eu sou mulher,
tenho carne e ossos e pensamentos vulgares
como este de tentar um poema para adormecer a ansiedade.





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