24.1.11

CROWDS . Bahaus

Hoje,
quando o ar foi mais fundo,
o travão mais fundo,
reparei na cor em que me diluira,
nos minutos em que me ausentei deste escorregar de matérias inúteis
e entristeci de alegria
(devolve-me a bicicleta,
o sapateado
 e o lusco-fusco lunar do poema inédito,
onde navegavamos em paisagem idêntica)

passara a relativizar o absoluto,
essa doença consome os pulmões,
enerva os dedos!
(estou lenta para criar cenário e fundo musical,
à tua altura,
perdoa a velhice do meu respirar)

depois voltaste,
só agora me apercebo do continuum deste latejar,
talvez seja por isso,
que Bahaus senta-se à mesa,
come o melhor que há cá em casa
e pernoita,
alternando-se:
ora mel, ora malancolia.


Observo o teu semblante envelhecido pelo excesso poético
(eu estava delicerada . eu estava deliciada)
aguardara as tuas metáforas durante uma manhã que me cansou o relógio
e alterei a fisionomia interior deste verso
para manifestar o meu descontentamento,
o meu deslumbramento:
voltaste mais forte,
creio que preparado para morrer
(foi a conclusão a que cheguei quando te vi, apressado
e livre, a amar os abismos que convenientemente tecias)

Vieste sem agasalho
- nunca diria que acabavas de chegar da terra do frio -
talvez já não tenhas medo,
mas lanço-te o desafio:
recompensar a perda de  mar,
com sangue e fio,
costurar essa cicatriz demente,
que é mundo e  gente
e tragos de coisa nenhuma.
Depois repicar os sinos e
movimentar o subterrâneo.

Let´s trouver la beauté.

Um comentário:

  1. E eis que quando penso que mais nada me surpreende me deparo com estas letras fabulosas! Bem-hajas, Carolina!

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