5.6.10

conjecturar sob a ameaça da emoção (Arvo Part sob escuta, tocando Alina até à exaustão, que é nunca)

falar sem heras na mão,
aceitar essa ausencia de verde, de floresta interior,
onde João sem Medo, avançou com o alento corajoso de um sonhador.

recuperar a audácia,
apostar na nuvem mais alta!
-essa era a do Fernão e aconteceu há muito tempo na minha vida)-
e ceder à tentação do azul.

perceber a coreografia do sono e das pestanas.
dançar um baile íntimo,
com uma garrafa cheia de solidão,
que deriva de sol.

fazer contas,
e reparar os números como se de esculturas se tratassem,
invocar o 22,
esse mito,
essa quimera.

acrescentar altura às pernas, aos braços,
fazê-los girar sob a galáxia,
perceber o tamanho pequeno da aspereza
e cultivar sorriso em vez de arroz.

em antítese, saborear o amargo e gostar,
devorar o prato antes da sopa,
pentear com garfo, antes do corte,

e, enquanto esta música tse retocar
- até ser uma melodia cada vez mais bela e inaudível-
aceitar a inevitável predestinação do corpo azul...

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