14.12.07

nudez

nada do que trazia despido parecia conveniente para receber o deslumbramento de ti, por isso deu-me para inventar:

coloquei asas onde outrora reinavam circulares braços, saqueei a epiderme dum poema exótico e maltratado (para que te crescesse o entusiasmo), coloquei olhos no corpo, para rever de lés a lés os teus segredos e decorar o teu perfil... os poros fechei-os um a um, para que não me soprasse nenhum vento, nenhuma aflição, no interior do corpo.

exigias-me a nudez dos amantes, aquela parte de corpo, que se perde quando se dá. eu gostava de ti ao sol, quando transpiravas luz e queimavas o medo.

deu-te para praticar. com alguma habilidade, rabiscaste no interior do meu coração a palavra AMOR. disseste que nunca a tinhas escrito desta forma, que sempre falhara o pretexto para compor o último tema.

a mim, faltara-me a elocução para levar a preceito a descoberta. por isso dormi sem a tua visita, tive sonhos, tremi.

sem temor, como quem sabe segura a palavra escrita, deixaste-me uma pequena morte no sangue, que é como quem diz, nos olhos, nos ouvidos, na boca.

talvez regresses com tinta durável, promessas de permanência. eu acreditarei
.

4 comentários:

  1. Outras férias Grandes??!...
    Beijos e saudades

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  2. Anônimo1.2.08

    gostei muito do caracter intimista deste poema estendido.

    abraços

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  3. gostei muito do texto. não o conheci aqui, mas sim na inauguração da exposição Poesia Quase Anónima, que viajou de Aveiro para o Porto e que se deu ontem, dia 1, na Maria Vai Com As Outras. era uma das noites de poesia das Marias, as Noites Malditas. e este poema foi lido lá. :)

    beijos.

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  4. tinta permanente que só dura o tempo de um amor...

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