tag:blogger.com,1999:blog-4668993395142167942024-03-05T14:55:55.999+09:00O GATO, A CASA.C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.comBlogger267125tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-79319142021272054162022-09-20T21:38:00.003+09:002023-04-21T23:05:05.140+09:00Eterno barroco<p><span face="sans-serif">J</span><span face="sans-serif" style="font-size: 12.8px;">oalharia barroca do corAÇÃO</span></p><p><span face="sans-serif" style="font-size: 12.8px;">OU</span></p><p><span face="sans-serif" style="font-size: 12.8px;">Uma carta de amor encontrada no arquivo do email</span></p><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: 12.8px;"><br /></div><span face="sans-serif" style="font-size: 12.8px;">A nossa fantasmagórica </span><span style="font-size: 12.8px;">psicanálise roubou-nos possibilidades de termos visto (-vermos-veremos) as paisagens.</span><div><span face="sans-serif" style="font-size: 12.8px;">Para além dos fantasmas, também a geografia e outras terrenas circunstâncias que nem vou nomear. </span><div dir="auto" style="font-family: sans-serif; font-size: 12.8px;"><br /><div dir="auto">Tudo porque há paisagens certas que só se tornam visíveis quando, por obra de santo Rimbaud , o forasteiro, as imagens que constelam,</div><div dir="auto">constelam-se para nós. </div><div dir="auto"><br /><div dir="auto">Como se as paisagens</div><div dir="auto">-essas que não vimos-</div><div dir="auto">fossem <span style="background-color: #fde293; color: #3c4043;">CALEIDOSCÓPIO </span>em constante criação </div><div dir="auto">e os cristais que nele se conjugam guardassem essas imagens únicas,</div><div dir="auto">místicas,</div><div dir="auto">sublimes,</div><div dir="auto">diáfanas e</div><div dir="auto">instáveis. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">É (só) dessas que sinto falta.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Vivo em colossal estado poético </div><div dir="auto">quando a tua presença me acompanha.</div><div dir="auto">Ficam grandes os campos, </div><div dir="auto">imensos os algodões, </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Gostava (muito) que nos tivesses avistado assim.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Não te sei falar dos amores de verão,</div><div dir="auto">forasteiro Primavera-Verão-Outono-Inverno e Primavera. </div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Ou sei, mas não quero.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Mas sei dizer-te que os dias hibernaram no meu corpo</div><div dir="auto">que essa lentidão foi tudo o que precisava para suspender o meu pensamento </div><div dir="auto">e que isso foi bom.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Ghosts,</div><div dir="auto">eu e tu,</div><div dir="auto">que giram e revivem dos sopros de alquimias subterrâneas de dois seres comuns e à deriva, por isso,estranhos e deleitados. </div><div dir="auto">Secretos.</div><div dir="auto"><br /></div><div dir="auto">Vou.</div><div dir="auto">Não sei (nunca) despedir-me de ti.<br /><br /></div></div></div></div>C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-72618554485954333982022-07-01T08:05:00.004+09:002022-07-01T08:15:23.313+09:004<p> Éramos 4.</p><p>Cada um, lado a lado,.</p><p>Olhava para o seu lado.</p><p>Era tão inconsciente, tão incandescente.</p><p>que a raíz comum não era nossa,</p><p>era diversa, fugia, invadia-se.</p><p><br /></p><p>Éramos 4,</p><p>uma frágil famíla a amar-se.</p><p>O amor é muito frágil,</p><p>concorda, avassalando-se.</p><p>Colabora, invadindo-se.</p><p><br /></p><p>ÉRAMOS 4.</p><p><br /></p><p><br /></p>C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-28699562680438246932019-02-20T02:21:00.002+09:002019-02-20T02:21:43.874+09:00No dedo médio da minha infância residia o futuro.<br />
Numa previsão autêntica ,quimérica,avassaladora,<br />
Os dias premeditados eram um acumular de cismas e de sismos.<br />
<br />
As mulheres desfilavam nos meus olhos pequenos de existir,<br />
eram personagens de um tempo muito certo,<br />
fazedoras de segundos carnudos,<br />
alimentando, cozendo, vestindo a rua e a paisagem.<br />
<br />
Eram estas mulheres que depois -anos mais tarde- reconheci fracturadas,<br />
parcialmente cobertas de névoa,<br />
de desejos tenros e subterrâneos,<br />
de coxas moles,pesadas,<br />
de um secretismo -mesmo assim- esvoaçante.<br />
<br />
Nesse tempo vieram homens,<br />
Pelotões de seres,<br />
magos,cantores,abusadores,<br />
alguns poetas.<br />
Eram caixas de Pandora desnudas<br />
-o mistério estava gasto-<br />
A felinidade encaixada numa tela de 23 polegadas<br />
estendida num corpo,<br />
como se aquele corpo fosse serventia.<br />
<br />C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-68922211379897294292017-09-09T07:56:00.001+09:002017-09-09T19:18:42.899+09:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuf0vlJYaqDEf6yHtT9el_gusfyjP2Anl-zJf890hEdpokvz72ontqvpvbkVxzXbEbgkVJ9I1VQhE-q9gfsxQ2XIPhGuryRzCcONVknnEn4t0rIuoUjTT9J7Fa-LmOBYOBagA9E2D5ZC0/s1600/2014-05-25+13.58.35.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="600" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuf0vlJYaqDEf6yHtT9el_gusfyjP2Anl-zJf890hEdpokvz72ontqvpvbkVxzXbEbgkVJ9I1VQhE-q9gfsxQ2XIPhGuryRzCcONVknnEn4t0rIuoUjTT9J7Fa-LmOBYOBagA9E2D5ZC0/s400/2014-05-25+13.58.35.jpg" width="300" /></a></div>
<br />
Talvez a raiz resista!- dizias.<br />
<br />
Era uma raiz morta por dentro,<br />
bastava pressenti-la.<br />
<br />
A tua insistência, porém, comovia-me.<br />
e abominava-me.<br />
<br />
<div>
A casa cheia de poeira,<br />
terra,<br />
plantas anónimas,<br />
árvores inseguras. </div>
<div>
Do cosmos nem nadas,nem nesgas.<br />
Nem sequer a sede.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
A nossa casa.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Eu, persistente, amando-te.</div>
<div>
Amando o amor.<br />
Particularmente o que dele se desprendia da terra para ser pássaro.</div>
<div>
<br />
<div>
<div>
Seguravas esses pequenos troncos interiores e inúteis.</div>
<div>
Eu segurava a possibilidade de ascensão,</div>
<div>
desfazendo tudo.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Uma luz pequenina abrigava-te do nosso naufrágio.<br />
Seria o mar o lugar marcado. O nosso lugar de morrer.<br />
A quimera incalculável do teu extraordinário saber<br />
(tanta sabedoria -também ela- inútil)<br />
procurando nos germes a germinação,<br />
húmus dos nossos corpos primários,<br />
bailando.<br />
<br />
Amava-te muito,<br />
mas os pés estavam frios num caixão sem tempo, nem espaço.<br />
<br />
<br />
Fechaste a persiana e espalhaste os livros pelo chão da sala.<br />
- Quero salvar-nos!-<br />
O jogo era abrir páginas ao acaso e fazer delas profecia.<br />
<br />
As páginas tão erradas, meu amor.<br />
A raiz cada vez mais morta, o amor cada vez mais vivo.<br />
Embora nunca mais<br />
-nem por intervenção literária-<br />
beijasse a candura da tua liberdade.<br />
<br />
Abandonámos depressa esse jogo perverso.<br />
A literatura, caso exemplar, assinara um veredicto<br />
que recusavas aceitar.<br />
<br />
Abre este livro. É a última vez!- pediste.<br />
"As experiências fazem-se em casa." (Alexandre O'Neill)<br />
<br />
Fecho o livro. Fechas a porta.<br />
Há caroços em vez de estrelas.<br />
Comeram a noite, meu amor.<br />
Já não somos luar.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
</div>
</div>
C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-20795721671744996762015-11-10T10:03:00.002+09:002015-11-10T10:03:55.854+09:00Peter Pan <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLOlX2NfBv-q-mekWZZj4HngnuN6NIThRS8rSIs2MYIAQEquJg2r9aNv3AGFCbQO85Q55BhYWCK43UT9eUARUOVvppiuDs_pCBgGiM45n2x75Cf1n4QHdUsGiL0JPwH9qU_QCMd_bCRFDA/s1600/100_3183.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLOlX2NfBv-q-mekWZZj4HngnuN6NIThRS8rSIs2MYIAQEquJg2r9aNv3AGFCbQO85Q55BhYWCK43UT9eUARUOVvppiuDs_pCBgGiM45n2x75Cf1n4QHdUsGiL0JPwH9qU_QCMd_bCRFDA/s640/100_3183.JPG" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Inaugural suspiro, o primeiro!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No entanto,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
um flagelo no lugar da pedra mãe.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vamos juntos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Embora mais juntos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Embora mais separados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Buscando os inéditos na tua voz,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Reflectindo –EU- TU-incisivamente sobre o teu espaço de
acção<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b>(passamos tanto tempo a pensar em ti)</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Dizer-te então que não é a pele suave da minha perna<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
-nunca foi-<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
mas a pele suave da eternidade,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ânsia das bênçãos,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ansiedade de estar<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
ou o mero eco dos abençoados na primeira noite de rock do
mundo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Creio na criação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ato de criar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Criar o espaço próprio de um amor único.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Porém, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
a chuva quente inunda os ossos até ao tutano, diariamente,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
e com ela, o amor inunda-se.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E –sabemos- só a criação cria amor e o amor cria a criação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há uma espécie de dor ambígua neste vislumbre nocturno,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
um corvo vesgo e belo,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
um menino trôpego e valente,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
uma mão dilacerada e esvoaçante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A quimera alimenta-se dos despojos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Como se de laranjas de ouro – as sumarentas!- se tratassem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É ingénua, fatídica, persistente, luminosa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pirilampo combalido no reflexo do teu plexo solar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-size: large;">(Esta será para
sempre a melhor metáfora do teu retrato)</span><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
Voyeur, poética, patética menina.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Segura a crina do meu livro interior para que seja
manifesto,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Segura a dormência da minha cabeça milenar,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Segura o inseguro formato humano do meu poema.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Humaniza.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Humaniza-te.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Humaniza-me.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tens medo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tens fome?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O que guardas?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Onde te escondes?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por onde te escapas?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
OU:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tenho medo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tenho fome?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O que guardo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por onde me escondo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma análise feita à superfície da matéria que somos,
revelaria, indubitavelmente, pontos extremos:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Polaridade de seres existencialistas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Questões do profundo comuns.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Léxico dos silêncios compatível.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Dificuldade na gestão prática dos afetos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mundanidade imperfeita, dir-se-ia, inadaptada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Currículo rico de experiências excêntricas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Olhares vagarosos, deliciosos de deleite por películas de
filmes inexistentes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tu, mais severo, concreto, saltando baixinho,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
(O teu esforço é intenso, mas concentrado)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu, espectro dilatado,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
em saltos tolos e ambiciosos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Leva-me a linha do desejo transgressora,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
porque me encanta a essência da última camada do universo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O poema, a poesia,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
qualquer coisa de muito perfeito e singular é teu em mim,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas há erva ruidosa, feras e um combate,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
espalhados no itinerário dos nossos desencontros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se voltares esta noite,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nunca mais seremos a primeira noite no planeta rouge do teu
sofá<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
(essa órbita tão cheia de esperança que impulsionava os nossos
passos)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas lerei o poema, o teu poema,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
para que o sono não seja mito<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E possas, finalmente, ver (-me).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-54363993466089785782014-09-16T07:24:00.003+09:002014-09-16T07:26:44.100+09:00AmarAmara<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt8Sdx-4vYCGMmx_dyBQudVb5k4PdVsX_oSzLitkp6P1TCeS4RzO_J4HzbcdoyNLhatNKB3hAdNkIINwWkOuBNMeYhOSQ2FcZwspZXB0e_H3Zkkk12gZK-bXZxjExz3x8OmX3sgJBYg-0/s1600/27jul07_teatrovisivel_011.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt8Sdx-4vYCGMmx_dyBQudVb5k4PdVsX_oSzLitkp6P1TCeS4RzO_J4HzbcdoyNLhatNKB3hAdNkIINwWkOuBNMeYhOSQ2FcZwspZXB0e_H3Zkkk12gZK-bXZxjExz3x8OmX3sgJBYg-0/s1600/27jul07_teatrovisivel_011.JPG" height="426" width="640" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="color: #eeeeee;">Ela</span><br />
<span style="color: #eeeeee;">estava</span><br />
<span style="color: #eeeeee;">à <span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br />distância<br />do respirar.<br />Coisa intimamente próxima, encantadora!</span></span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">
<span style="color: #eeeeee;"><div style="margin-bottom: 6px;">
Corpos atentos considerariam esta circunstância o sinónimo absoluto da nudez.<br />
De tão próxima, dir-se-ia imaterial.<br />
Respiração apenas. Respiração apenas.<br />
No princípio estava o RESPIRAR.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Ela,<br />
invocando a inútil tenacidade de quem tem furacões no sono,<br />
rasgava a montanha do livro para uma composição magnifica e insignificante.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Os dias a rodo.<br />
Os dias a rodo.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
O corpo pequeno agigantando a janela de paisagens espirituais,<br />
invocando a doçura do corpo velho de <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/page.php?id=115013151844196" href="https://www.facebook.com/pages/Marc-Chagall/115013151844196" style="cursor: pointer; text-decoration: none;">Chagall</a><br />
ou seres que em nada ou em tudo eram as personagens certas para o sentimento de si.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Segurava cada brilho feroz dos seus dedos- como magia!<br />
Ela haveria de construir rugas nas árvores antecipando-lhes uma meninice tardia<br />
ou escorregar pelo diário de Al Berto e sentir-se nele. ´<br />
Ser ele.<br />
Seres. Eles. Os dois. Apenas um.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Ela dançava com os mil dedos da mão e o mundo era um piano assombroso,<br />
peças que se teciam em demasiados cenários.<br />
Ela faria um livro expirando essas visões e do livro rasgado faria outro e depois outro e outro e outro,<br />
redutos máximos de um acto contínuo<br />
(Vive assombrada pelo deslumbramento!)</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Ao adormecer ela voltava a acordar!<br />
Uma fascinante desordem de pessoas inapropriadas ao embalo, abriam os rios como risos e levavam-na a passear muito longe.<br />
As perguntas eram sempre diferentes e difusas:<br />
- Posso contar os batimentos do teu coração a bater no chão?<br />
- De que é feito o azul dos teus olhos castanhos?<br />
- Como recortas em intensa beleza o que antes fragmentara em suicídio?<br />
Ela permanecia de olhos fechados que é a melhor maneira - diz-se - de ver tudo<br />
e de ver tudo MUITO MELHOR!<br />
(poeticamente falando, entenda-se)</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Uma música -uma música apenas!- poderia entorpecer a cativante angústia de se ver intensa num aquário de pássaros.<br />
A casa muito cheia era uma pista de sons e de vôos.<br />
Os familiares que se acercavam da sua intensidade eram como alicerces que pululavam as suas antíteses, amando-as.<br />
Projectos, projecções, próximos, próximos...como o sangue.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Ela insistia em colorir o rosto,<br />
fumar incenso,<br />
repetir Lhasa.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Ela voltaria a cantar com a voz do avô,<br />
a sentir com os pincéis de Picasso,<br />
a fazer da parede caderno<br />
e do caderno vertigem.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Ela.<br />
Ela.<br />
Ela.</div>
</span></div>
C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-88894607229714537452014-09-16T07:11:00.003+09:002014-09-16T07:27:02.902+09:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNlu6P8px7IkxwAji6z4E-3ftnreemG0SdlSB5JUkV5xDokTlsOuXpk2S_1rWEC7FrdAFGRIBCAc-mfrOo8rYZ3VZ5O-Q4F1A7IJZaCbi2CO7f3dCPQutSANtQwaFtnIBwsJ18kZGEJEk/s1600/20140821_151326.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNlu6P8px7IkxwAji6z4E-3ftnreemG0SdlSB5JUkV5xDokTlsOuXpk2S_1rWEC7FrdAFGRIBCAc-mfrOo8rYZ3VZ5O-Q4F1A7IJZaCbi2CO7f3dCPQutSANtQwaFtnIBwsJ18kZGEJEk/s1600/20140821_151326.jpg" height="480" width="640" /></a></div>
<div style="background-color: white; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; line-height: 21px; margin-bottom: 1.1em; text-align: center;">
<span style="color: #eeeeee; font-size: xx-small;">"O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida quotidiana." Augusto Boal</span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px;">
<span style="color: #eeeeee;">Se puderes, solta a mão que te agarra ao coração.</span><br />
<span style="color: #eeeeee;">Observa-o a crescer, longínquo, <span style="line-height: 19.3199996948242px;">como a sede de alguém que conheces tão bem que só a liberdade pode ainda acrescentar surpresas.</span></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="color: #eeeeee;">Não desanimes com o óbvio dos seus olhos ávidos,</span><br />
<span style="color: #eeeeee;">a ferocidade da suas breves paixões</span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span class="text_exposed_show" style="color: #eeeeee; display: inline;"><br /> - <i>posteriormente</i>-</span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span class="text_exposed_show" style="color: #eeeeee; display: inline;"><br />os solavancos tristes depositados inteiros nos teus ombros,<br />no teu peito,<br />no teu limbo.<br />Tão dócil, o selvagem, encaracolado em ti<br />(frágil planta de lua cabisbaixa, menino sem hino, nem pátria)!</span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">
<span style="color: #eeeeee;"><div style="margin-bottom: 6px;">
Se te for possível, deixa que voe para além de ti.<br />
Sonhaste que fosse pássaro, cavalo ou peixe,<br />
- qualquer espécie que não tivesse o cárcere cerebral encerrado em si-<br />
respira-lhe o desígnio e deixa que te fascine em carícias<br />
porque é breve o riso e longa a espera.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
O menino cresceu rasgando linha de caderno,<br />
de mãos,<br />
de roupa apertada porque costurada mil números acima do que desejara.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Sem desejo é como ter sol escancarado e não ter mar para amaciá-lo.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br />
Não vale.<br />
Tarda.<br />
Tarde.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
É tarde.</div>
</span></div>
<div style="background-color: white; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin-bottom: 1.1em;">
<br /></div>
C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-61468695287732416132014-09-03T09:00:00.003+09:002014-09-03T09:00:51.606+09:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfCV-P4dmJXZzP4ma2PyPCitM99XurXGv0S_m6WYhNKPZdNDQrAw5CcOf0QqZf5dKoUku1x2KvYOZQgUH_sDmST4RnHzVTQA4dvtli5FAUQptid5d8psJCp0WPVjH7twg7kXKNRgzmkNE/s1600/IMG_1233.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfCV-P4dmJXZzP4ma2PyPCitM99XurXGv0S_m6WYhNKPZdNDQrAw5CcOf0QqZf5dKoUku1x2KvYOZQgUH_sDmST4RnHzVTQA4dvtli5FAUQptid5d8psJCp0WPVjH7twg7kXKNRgzmkNE/s1600/IMG_1233.JPG" height="480" width="640" /></a></div>
<br />
<div>
<br /></div>
C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-13262381803747937712013-12-24T10:12:00.000+09:002013-12-24T10:14:54.194+09:00AL_Tacuba 12/12 Kronos Quartet<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8iK3gzagIBmR472RFdPIXY6eyR23fy90W13liLoKRpoKgGHAy-NDja02DcR5LXgLklkaNeMMoJ5JY2CRWwvEVxHrFhrtT0bywbcMKPGdvUMTrLWNb5UGPMAwBfxem_M-_KXTKAN25QIg/s1600/Picture0214.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8iK3gzagIBmR472RFdPIXY6eyR23fy90W13liLoKRpoKgGHAy-NDja02DcR5LXgLklkaNeMMoJ5JY2CRWwvEVxHrFhrtT0bywbcMKPGdvUMTrLWNb5UGPMAwBfxem_M-_KXTKAN25QIg/s400/Picture0214.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Solstício invertido.<br />
Parte 1, livro primeiro, tabula rasa e tudo cheio na sala de mim.<br />
<br />
O copo cheio invoca um certo sentido poético,<br />
embora só haja vinho azedo sob a mesa<br />
(é para o gato)<br />
Quanto a mim, tenho sede.<br />
Por ora, apetecem-me rusgas e incêndios,<br />
coisas de banalizar os santos,<br />
redimir unhas roídas, achaques, promessas,etc, etc...<br />
<br />
PAUSA.<br />
Chega este ímpeto e as estantes inteiras, íntegras, incendeiam-se...desintegrando-se em amadas formas.<br />
(Será da tempestade? Serei uma tempestade?)<br />
<br />
Não vendo no meu sentir uma clarividência apaziguadora,<br />
Marguerite Duras junta-se ao meu corpo e escreve-lhe por cima:<br />
<i>"Thérèse sou eu. Aquela que tortura o delator sou eu. </i><br />
<i>E sou aquela que quer fazer amor com Ter, o miliciano. </i><br />
<i>Eu.</i><br />
<i>Dou-vos aquele que tortura com o resto dos textos.</i><br />
<i>Aprendam a ler:´</i><br />
<i>são textos sagrados."</i><br />
<br />
(Ninguém está habituado a amar uma fora da lei)<br />
<br />
Por isso, compreendera:<br />
a angústia não nascia de ti para mim,<br />
era eu que provocava a demência,<br />
amordaçada num estilo antigo e minguante de escrever amor.<br />
Percebi que os poemas, se repetidos até à exaustão, tornam-se glóbulos essenciais,<br />
dão riqueza ao sangue, como o ouro dá aos dentes dos exilados,<br />
mas, no reduto, são dependências que fragilizam vôos e paraísos.<br />
<br />
Assim, arquitecto um plano já escrito noutros corpos:<br />
"eu estava prestes a levantar voo da prisão da minha imaginação, mas ele<br />
leva-me para o seu quarto e aí vivemos um sonho, não uma realidade." Anais Nin<br />
E deixo ao corpo o corpo,<br />
o baile, a merenda seca na relva.<br />
Enquanto ao longe o gato bebe o vinho e, pela primeira vez,<br />
morre.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-73569575720308005732013-08-23T03:41:00.001+09:002013-08-23T03:42:39.512+09:00POSSESSED II_para não bailar <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX7RNu1MF3suj1vygMJKi2wz53YiDUpwDrvo-CDx9ZgRCxbQg5UpNVTP-KFd6ruWgagxQkD9e2p2VfXLMFpcLieVvF8o5XF6ne8CUkk0nKOqPdwiuwZgQzKXJz-za6ZecTqQthMCF3gF4/s1600/24jun06_013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX7RNu1MF3suj1vygMJKi2wz53YiDUpwDrvo-CDx9ZgRCxbQg5UpNVTP-KFd6ruWgagxQkD9e2p2VfXLMFpcLieVvF8o5XF6ne8CUkk0nKOqPdwiuwZgQzKXJz-za6ZecTqQthMCF3gF4/s640/24jun06_013.jpg" width="480" /></a></div>
<br />
Falar-te deste deserto que foi capotar a alma,<br />
seria levar-te a uma ruína antiga onde arde em chamas um anjo sideral.<br />
O momento - já que tão insistentemente mo pedes-<br />
é este e chama-se corpo com dor<br />
(ou uma dor com um corpo dentro)<br />
<br />
Vislumbrando a cratera e não a lua,<br />
talvez chorássemos os dois, extremamente meninos,<br />
inseguros de nós próprios no futuro -este- que a vida preparou com um requinte perverso.<br />
A poesia não seria feliz, embora desarmante de tamanha sinceridade.<br />
Só por isso -apenas isso- valeria amar esse poema com unhas e dentes,<br />
sobreviventes sôfregos do desejo de utopia.<br />
<div style="text-align: right;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>perdi o incenso, </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>a casa cheira a ranço velho.</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>sei que te enoja a imagem desta feiura.</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>sabes como odeio asas sujas, fracas para voar.</i></div>
<br />
Tenho o fígado enfiado em pó de estrelas moribundas,<br />
daí a fraca convalescença,<br />
diz-me o pedalar de um velho fula que apesar dos olhos cegos de doença,<br />
olha-me profundamente.<br />
O cão -também doente- sangra,<br />
bastaria um comprimido pequeno, barato,<br />
para curar todos os cães do mundo.<br />
Bastaria um cão curado para valer a pena padecer tão violentamente.<br />
<br />
Porém nada,<br />
apenas uma cintura estreita a alargar o oceano,<br />
uma distância que me retira do acto de viver em transe,<br />
um pão vazio e esta ala de ausências.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-25995268807330855442013-07-15T04:01:00.000+09:002013-07-15T04:03:47.664+09:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnY2B0Zx7XtTE7DhLDquRfFENkaOkMpHYqyOD2tV1U3soG1cvh-rWcu3sPAZFfva951SNdTEGKvwMyPjf24YYSRpjIiibLqzz2dGY-XhgnpNxIQGHE1yLe8cKlrjyHKN9ZTLV6Sjsi4hM/s1600/Foto+024.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnY2B0Zx7XtTE7DhLDquRfFENkaOkMpHYqyOD2tV1U3soG1cvh-rWcu3sPAZFfva951SNdTEGKvwMyPjf24YYSRpjIiibLqzz2dGY-XhgnpNxIQGHE1yLe8cKlrjyHKN9ZTLV6Sjsi4hM/s640/Foto+024.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Se porventura amávamos o mesmo sabor a rum,<br />
o rum -que era o mesmo, importa sublinhar- sabia diferente a cada um.<br />
Por isso, o amor é uma semente rebelde (disseram-me ser também uma oportunidade),<br />
embora nauseabunda, fascinante, viral,<br />
de inconstante germinação.<br />
<br />
Quando te segurei o sorriso (desde sempre pesado como uma pedra frustrada)<br />
jurara transportar-te triunfalmente para o lado solar.<br />
Para atravessares o caminho isento de perigos,<br />
consertei-o com matérias que eram intensamente eu:<br />
os meus segredos, as minhas ansiedades, os meus feitos heróicos depositados na palma da tua mão.<br />
<br />
Apetecia-me devorar-te os lábios como quem finalmente adquire um corpo inteiro!<br />
Dirigida pelo furor avançava,<br />
comprei uma praia no Alentejo,<br />
revelei-te do poeta, da utopia, do vinho forte,<br />
mas essa fome passou e o corpo que era júbilo emagreceu de vontades.<br />
<br />
Da lista de peripécias que foi desconstruir-nos o fascínio,<br />
algumas valerão o lembrete:<br />
um gato dividido (nossa herança matrimonial),<br />
um apartamento suicida,<br />
um bouquet de flores murchas num papel sem carimbo, nem promessa.<br />
<br />
Por isso, a alma fez rock e quebrou a doçura da primeira penugem<br />
para se dedicar a matérias mais ásperas, violentas.<br />
Imperou a distância do óbvio que o fascínio não deixara ver:<br />
tu levitas em ternuras estranhas,<br />
eu sou um espectro a escrever uma carta sem memória.<br />
<br />
<div style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; overflow: hidden; text-align: center;">
<b>"Walk in silence</b></div>
<div style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; overflow: hidden; text-align: center;">
<b>Don't turn away, in silence</b></div>
<div style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; overflow: hidden; text-align: center;">
<b>Your confusion</b></div>
<div style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; overflow: hidden; text-align: center;">
<b>My illusion</b></div>
<div style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; overflow: hidden; text-align: center;">
<b>Worn like a mask of self-hate</b></div>
<div style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; overflow: hidden; text-align: center;">
<b>Confronts and then dies."</b></div>
<div style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px; overflow: hidden; text-align: center;">
<b>Joy Division</b></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<br />
<br />
<br />C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-89993644209765882612013-05-27T03:16:00.000+09:002013-05-27T03:16:49.254+09:00ligações (in) OU afinal falamos todos baixinho e ninguém nos ouve"A poesia é um gesto eterno", é o nome de um blogue que encontrei mais ou menos ao acasoC-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-9633413443320304992013-05-27T03:10:00.003+09:002013-05-27T03:10:53.756+09:00Do Júdice e reencontrado com amor:<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><b><span id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[57]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;">como se o amor, de facto, pudesse mudar as cores </span><br id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[58]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;" /><span id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[59]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;">do céu, do mar, da terra, e do próprio dia em que nos vamos </span><br id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[60]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;" /><span id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[61]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;">encontrar, que há-de ser um dia azul, de verão, em que </span><br id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[62]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;" /><span id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[63]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;">o vento poderá soprar do norte, como se fosse daí </span><br id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[64]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;" /><span id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[65]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;">que viessem, nesta altura, as coisas mais precisas, </span><br id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[66]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;" /><span id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[67]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;">que são as nossas: o verde das folhas e o amarelo </span><br id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[68]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;" /><span id=".reactRoot[36].[1][4][1]{comment504835509570353_1409291}.0.[1].0.[1].0.[0].[0][2].0.[3].0.[69]" style="background-color: #edeff4; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 11.199999809265137px;">das pétalas, o vermelho do sol e o branco dos muros</span></b></span>C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-61934703501029583162013-05-27T02:46:00.000+09:002013-05-27T03:00:38.663+09:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNJYWq5TUnvyjZt22GrgWKnPZjxK4kVfgGtEU5fkzubNnId3P-9GXPFMUkbeG6YPOW7vJvb65AQh-EgYJJt6CDsXBF7NZEGZ0RWzfZEq8Xq6Eqe1alHZAni59tewxt4biBDCePe1f88zk/s1600/Fotografia0997.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNJYWq5TUnvyjZt22GrgWKnPZjxK4kVfgGtEU5fkzubNnId3P-9GXPFMUkbeG6YPOW7vJvb65AQh-EgYJJt6CDsXBF7NZEGZ0RWzfZEq8Xq6Eqe1alHZAni59tewxt4biBDCePe1f88zk/s640/Fotografia0997.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Iremos devagar até esse maravilhoso precipício.<br />
Marcarei a hora certa para que tudo certeiramente falhe.<br />
A emoção da espera acende desejos encobertos,<br />
o tamanho todo do amor (ou do desejo?)<br />
Dirás disto, desperdiçar ponteiros de relógio, pontas de cigarro,<br />
pontes que distam acertivamente as -<i>nossas</i>- impossibilidades.<br />
<br />
Se for caso disso, inventarei recursos estilísticos<br />
para moldar essa quimera:<br />
tropicália,<br />
rum amargo,<br />
passaporte para qualquer destino,<br />
surpreendente odor...o teu.<br />
<br />
Antes organizarei a viagem com a minúcia do coração:<br />
os teus olhos para rever,<br />
os teus dedos para observar,<br />
o teu corpo franzino de alma para prender...<br />
momentaneamente.<br />
<br />
Depois será manhã sem nenhum tipo de sacrilégio<br />
ou talvez sobrevoe por ali uma pena de pássaro<br />
e escorra a tinta certa para te descrever que em mim nada flutua,<br />
tudo o que te parecer superficial, oco, desconectado,<br />
será a minha melhor performance de gato assustado.<br />
Nunca amo tão longe como o poema<br />
-a torrente do poema-<br />
ama-me a partir daqui ou vai.<br />
Tudo o resto é sempre menor.<br />
<br />
De qualquer forma vou propor-te esse passeio,<br />
jantaremos por aí, desde que o vinho seja aceitável teremos motivo para continuar,<br />
mais tarde um beijo, um baile e o regresso a casa.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-25619677295290802942013-02-12T08:50:00.000+09:002013-04-11T01:47:55.356+09:00Mito_Benjamim, muita infância e um piano dado a carícias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfMgWbJi430X1gp4c_II7Rzna943pgUwo1LL8CtJ1NjN8MJ_AFKxuIjajLu63YGy5fwB8n6FXqGGUkEJyTPik2bn5UD8zm1ns9DWFVRW6i1WWPCVSbJlsV-q1CcNL_tjE6QfE0fopO8YE/s1600/viralenga.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfMgWbJi430X1gp4c_II7Rzna943pgUwo1LL8CtJ1NjN8MJ_AFKxuIjajLu63YGy5fwB8n6FXqGGUkEJyTPik2bn5UD8zm1ns9DWFVRW6i1WWPCVSbJlsV-q1CcNL_tjE6QfE0fopO8YE/s640/viralenga.jpg" width="480" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;">(imagem que me fascinou, encontrada em http://www.viralagenda.com/pt, transportada como mera ilustração)</span></div>
<br />
Benjamim segurou-me no sonho.<br />
<b> </b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><b>sempre julgou essencial expor-me a transcendências</b></span><br />
<br />
Eu chamava por Eupalino, o desertor, porque precisava de histórias para adormecer.<br />
os sonhos têm rugas - disse-lhe -<br />
tenho-os velhos, pouco seguros,<br />
talvez quebrem, Benjamim...<br />
<br />
Benjamim disse-me que os sonhos são enormes como torres altas de navios muito transparentes, frequentemente circulares,<br />
<br />
confesso que me custou imaginar os seus ditos e feitos sem retorquir plausíveis realidades<br />
plausíveis<br />
plausíveis<br />
plausíveis<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">COMO OS CANSAÇOS DE ONTEM, DE HOJE, AMONTOADOS.</span></div>
<br />
Os sonhos?<br />
-tocou num desfile de teclas muito harmónicas-<br />
têm a leveza de coisas extremamente belas, frágeis, incomparáveis!<br />
Todos, todos, todos!<br />
- evitando <b>radicalmente</b> os condenados a humanas excepções-<br />
flutuam ao redor de cada partícula,<br />
preenchem ecos, corpos , vasilhas e frascos vazios de compota doce.<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>eu chamava por Eupalino porque precisava de sonhos para acordar.</b></span><br />
<br />
<br />
O dia tem espinhas de peixe privado de guelras,<br />
por aqui não paira noite nem dia, Benjamim...<br />
como explicar-to sem te ofender a récita?<br />
Tenho carradas de vida a transbordar melancolia!<br />
não me cabe a faca na mão,<br />
o pão está duro, sabe amargo,<br />
encolhe em migalha, entope o segundo!<br />
Eupalino inspirara-me num segredo antigo e grego<br />
- coisa de deuses ou de magos-<br />
a de fundir forma e função numa massa só.<br />
Rapidamente aprendi que a projecção de palavras cortantes,<br />
atraem o escorrer do sangue como um choro longo de birra de menino.<br />
<br />
Benjamim enviou um lobo ou tornou-se lobo,<br />
não posso assegurar,<br />
ciente de que a sua função era a de guardar aquele jardim onde costurei toda uma ausência,<br />
julgando que me cativava a jaula florestal da mitologia,<br />
que só por ela transcendia à minha angustia mortal.<br />
<br />
Não te enganes com o que queres ver, Benjamim,<br />
fiz amizades neste reino, Benjamim, arranquei os caroços do chão para que floresça um esplêndido desterro,<br />
gosto de mãos sujas e de linhas que terminam em feitos concretos:<br />
pacotes de massa, latas de conserva, livros de poesia.<br />
Resumi tudo a palestras vazias, gravações radiofónicas de dificílima difusão,<br />
Eupalino era o meu noivo principal, mas eu a-Mara muitos homens, muitas mulheres, diversas flores e alguns animais,<br />
uma desordem que implicava bastante desapego a formas materiais, metafísicas, surreais.<br />
<br />
Apoio agora o esqueleto numa reluzente carapaça de tartaruga milenar,<br />
Benjamim, recentemente feito chinês, oferecera-ma de presente jurando entregar-me assim o universo.<br />
<br />
Eupalino perdeu-se num solilóquio longo como um túnel em nada desfasado das proporções mais certas e introspectivas da solidão.<br />
<br />
Embora contrariada, encerrei-o num livro.<br />
A imagem da capa estava triste como um campo de papoilas suspensas.C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-7585319395901675282013-01-02T10:35:00.000+09:002013-01-03T03:14:59.260+09:00POSSESSEDDDDPOSSEESESSEDPOOOOOSSSEEEEEESSEDESEDDEEEEEEd (Balanescu Quartet 16:57) OU o primeiro poema do ano<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivHFws2bU9QI_YOWMLm785ibCW-6bA8kF5gCokHj-e4pttZTO4PP_UqxWV2O4a92tXb_s2U0dnR4UlEQQ5-0R5BIydJFd8xLPJ8wkuXzojQ7WhtbvXD8a0CyW4fva2mbxMNnf4yEOHGEM/s1600/Fotografia1097.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivHFws2bU9QI_YOWMLm785ibCW-6bA8kF5gCokHj-e4pttZTO4PP_UqxWV2O4a92tXb_s2U0dnR4UlEQQ5-0R5BIydJFd8xLPJ8wkuXzojQ7WhtbvXD8a0CyW4fva2mbxMNnf4yEOHGEM/s640/Fotografia1097.jpg" width="640" /></a></div>
<br /></div>
Decreto por virtualidade a necessidade URGENTE de respirar (mos) !<br />
<div>
<br />
<div>
Havemos de ter incêndios -diversos- na pele, nas ranhuras da alma, nos limites dos dentes.</div>
<div>
Fracturas delirantes ou farturas -de sabor deveras duvidoso- a lembrar-nos de que a vida é tal e qual uma pequena feira (repetida), </div>
<div>
num pequeno largo, </div>
<div>
numa pequena rifa a fazer-nos rir de coisas pequenas (as enormes).</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Amanhã seremos aparentemente salvos -e cada vez mais sós-</div>
<div>
ah, não percam tempo a interpretar a casualidade da alma humana!,</div>
<div>
um verso tem a força de um pensamento presente!</div>
<div>
(embora persista, arda, fulmine, sangre, transforme)</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Na comunidade, como por exemplo essa, onde o Pacheco (ainda) dança doido e tonto como uma estrela demente,</div>
<div>
as mulheres amam-se pelo que de belo têm</div>
<div>
e o belo é o silêncio...</div>
<div>
<br /></div>
<div>
1ªvolta da dança:</div>
<div>
Vá, vamos!.......................................................................................................................</div>
<div>
- isso é utopia. isso não é esse tanto. a poesia -se dessa estirpe- que se esfregue com limão, que fique ácida e corroa!</div>
<div>
<br /></div>
<div>
2ª volta da dança:</div>
<div>
Cresço em modo gerúndio e imperfeito.</div>
<div>
Talvez assim se explique o intuitivo rasgo de viver,</div>
<div>
o apelo para a escuta do coração<br />
(do teu também. do teu, essencialmente.)</div>
<div>
O verdadeiro dialecto -esse, o que não foi dilacerado-</div>
<div>
sobrevive encarcerado, celular, vibrante, sensível.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Sem voltas:</div>
<div>
Transtorna (-me) a ordem certa do relógio</div>
<div>
-para que se saiba, parti o vidro dessa estatura e fiz dos ponteiros raios que me partam e,<br />
esses, que me iluminem ou devorem-</div>
<div>
Vou procurar o tempo em ti, no outro, além, ali.</div>
<div>
Vou rasgar o itinerário todo, </div>
<div>
incinerar o umbigo, fortalecer a anterior identidade.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
À planta dos meus pés oferecerei cometas,</div>
<div>
a profecia certa para danças ou conversas</div>
<div>
(dói-me a dor que há-de vir, acende-me a alegria que há-de ser)</div>
<div>
<br /></div>
<div>
O calendário cai como folhas de Outono,</div>
<div>
tenho sono, </div>
<div>
cesso a paródia,</div>
<div>
venham mais cinco ou seis,</div>
<div>
se formos muitos podemos rimar a vida com liberdade </div>
<div>
e IR...</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
finalmente.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
</div>
C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-8458861262768564642012-12-18T04:26:00.002+09:002012-12-19T01:35:14.177+09:00"HOW TO DISAPPEAR COMPLETELY" - Francesca Woodman <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp_QVzxcOqzq1FfKRGoQVaADbTMX_KToEM_tq3OyI9bXBxgmW25TYEAVGhfTHyR9rGg02gKPHzhTy5h6cKQiJqDFd02vkoHJ6JHVIMOvlvaJlkbUjNKlyx-PLYyEcWJhnvl7WLdfJNgjY/s1600/1238847103_Francesca-Woodman---Untitled-Providence-Rhode-Island-1976-P059-WEB.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="638" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp_QVzxcOqzq1FfKRGoQVaADbTMX_KToEM_tq3OyI9bXBxgmW25TYEAVGhfTHyR9rGg02gKPHzhTy5h6cKQiJqDFd02vkoHJ6JHVIMOvlvaJlkbUjNKlyx-PLYyEcWJhnvl7WLdfJNgjY/s640/1238847103_Francesca-Woodman---Untitled-Providence-Rhode-Island-1976-P059-WEB.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Esfrega o mundo com cuidado,<br />
apanha-lhe os cacos de vidro espalhados pelos olhos.<br />
Giremo-lo juntas - como quem dança -<br />
projectando as fotografias do nosso primeiro encontro:<br />
17/12/12<br />
<br />
Sei que morreste antes dos vidros<br />
-no decorrer das quebras-<br />
ou que foi por causa deles<br />
-outrora muito intactos-<br />
que te suicidaste.<br />
...<br />
<br />
Ou terá sido a névoa, o susto, a angústia?<br />
<br />
Quando organizavas o corpo para as fotografias (minuciosamente)<br />
as escadas eram outras,<br />
tinham (demasiada) alquimia.<br />
Não saberei dizer-te se um mundo simbólico<br />
-esse que compilaste-<br />
seria também um lugar mais feliz,<br />
mais apetrechado ao delírio<br />
ou capacitado para múltiplas possibilidades.<br />
<br />
Temos quase sempre ideias sobre tudo e quase sempre não valem chavos<br />
-lamento dizer-to-<br />
faltam-lhes coisas que perderam o seu natural lugar,<br />
falta-lhes coerência no ritmo cardíaco,<br />
falta-lhes lógica na passagem.<br />
(O mundo tem uma boca <b><span style="font-size: large;">GRANDE</span></b> que não sabe beijar.)<br />
<br />
Sei tudo de ti -preciso que o saibas.<br />
Sei das tuas intenções, da tua saudade e até do estado da tua saúde.<br />
Sei dos teus vícios -os mais perversos- e da tua ternura -apenas ternura.<br />
<br />
Começo a velar-te -sei que é um disparate-<br />
mas não me inibe de te colar em todas as estantes da casa,<br />
- eu sou um edifício com uma arquitectura disponível-<br />
quero recortar-te, compreendes?<br />
<br />
Não temas,<br />
hei-de prevenir-te de regressares à génese da dor,<br />
vou alçar os teus pulsos ao movimento primordial,<br />
o teu sangue -se escorrer- vai ser um rio para peixes maravilhosos.<br />
Iremos as duas.<br />
Sem medo.<br />
Sem frio.<br />
<br />
E tu, absoluta.C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-33585328860150165862012-11-20T04:15:00.001+09:002013-06-11T08:18:23.481+09:00Folhas vermelhas<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7FhsRYym9fv4WldRhlCKA_J8zrjepH_zsBtt4UqldKhcEh4xs0syevxEKLvLcvBXLEBxFVF3MZmVbM53RWUILrOLzDg898gFnjzgVDI2Hko4FE-o_cRrCHTJzmfGI7Jvk3W_gGo2XKCc/s1600/199_10052006.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="424" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7FhsRYym9fv4WldRhlCKA_J8zrjepH_zsBtt4UqldKhcEh4xs0syevxEKLvLcvBXLEBxFVF3MZmVbM53RWUILrOLzDg898gFnjzgVDI2Hko4FE-o_cRrCHTJzmfGI7Jvk3W_gGo2XKCc/s640/199_10052006.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Talvez -quem sabe!- sairemos nas notícias do dia seguinte<br />
ou disparataremos o corpo em tentativas inúteis de fazer coisas muito belas (as inesquecíveis)!<br />
<br />
Podemos também roubar janelas para que entre mais luz nesse cubículo onde refazes palavras-cruzadas<br />
e temos medo que fique demasiado frio ou demasiado calor<br />
(as temperaturas extremas do Herberto ou a nossa incapacidade para realizá-las enquanto plano)<br />
<br />
Havemos de voltar a esta paisagem (nem que passem cem anos ou mais!),<br />
eu hei-de repetir-te dos amores que me nutrem:<br />
<br />
repito os pormenores até a um cansaço que no seu derradeiro fim suscitarão apenas indiferença,<br />
depois nem fome nem nada,<br />
a temperatura já nem existirá!<br />
(será que a não matéria tem temperatura?)<br />
rasgarei o teu nome e acharás ofensivo!!!diabólico!!!!, vais arder<br />
(eu quero arder contigo)<br />
Explicarei calmamente o que pretendo fazer:<br />
conjugar-te de novos modos que me pareçam surpreendentes!<br />
(e eu terei um palco de luz dentro do peito!)<br />
<br />
É inglório o esforço,<br />
não te convences que a beleza é narcísica, precisa de se recriar constantemente.<br />
Nada.<br />
Nada.<br />
Nada.<br />
Derrubo as damas, os cavalos, as torres<br />
(soubera eu jogar xadrez, mudaria a decoração da tua casa)<br />
<br />
Quando regressarmos vais pedir-me o resumo destes dias<br />
eu vou querer falar-te de umas folhas muito vermelhas que se distinguiam no verde da paisagem,<br />
mas -óbvio- não vou ter coragem,<br />
direi que está tudo bem,<br />
que amanhã faço uma formação para fazer contas com mais precisão.<br />
<br />
Tu vais sorrir paternalmente,<br />
eu vou fazer rabiscos nos olhos que te parecerão sorrisos<br />
(muito dentro dos olhos, porque quem vê olhos não vê corações),<br />
tudo será real outra vez,<br />
gato ou gatos<br />
real ou reais,<br />
todos,<br />
outra vez.<br />
<br />C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-29204954700817928982012-11-10T03:11:00.000+09:002012-11-10T03:14:08.422+09:00SENHOR ABÍLIO<br />
<br />
Tornara-se hábito aquele de circular noite e dia pelas ruas da cidade. Que via os astros por dentro, dizia. Que falava com anjos, dizia. Que bebia leite e devorava enlatados, dizia.<br />
Era forte e tinha uma barriga esplendorosa como um sol. Era belo e terno, por isso quando se passeava – nesse eterno passeio- apetecia falar –lhe de perto, vê-lo de perto. Chamava-se Abílio – Senhor Abílio, senhor Abílio! – e era um gosto vê-lo olhar e dirigir-se devagar como quem tem o compasso do mundo nas pernas e nos músculos que lhe fazem o sorriso.<br />
Não lia nada que o atormentasse, recusava-se a compactuar com o desespero desencantado dos homens e das mulheres, no entanto, planeava bombardear os esgotos do mundo e conseguir assim a primordial, a única, a irreverente e mais eficaz de todas as guerras: Se rebentarmos com os lugares que guardam toda a merda humana –congeminava- damos cabo disto tudo e voltamos a ser coisa nenhuma, partícula de ar (não será aquilo que afinal somos?).<br />
Dito assim pode parecer grosseiro. Não é. O senhor Abílio tem perfil de Bordalo Pinheiro, é rústico, mas autêntico, honesto, transparente. Não tem pudor, por isso o seu léxico tem a cadência do seu pensar, se porventura se chegar a concretizar pensamento desses usuais com princípio, meio e fim.<br />
Não deve nada, paga as contas certas até aos cêntimos, tem hábitos precisos, embora aparentemente disfuncionais. Também não saberei o que subentender por “funcionalidade” e angustia-me, como angustia ao senhor Abílio, a mecanização do existir. Por isso, ligo o aparelhómetro do disfuncionamento e bebo vinho com ele. Embora ele beba água. Ou beba café. Ou beba sumo. O senhor Abílio tem um corpo grande e límpido, como as manhãs cheias de Verão e a ria cabe-lhe bem nas utopias. Essa ria exacta que combina exactamente com o dia de sol descrito e enche tudo de beleza e lonjura.<br />
O senhor Abílio exerce-se por longos ciclos, que cumpre ou sonha cumprir, porque isso também não interessa. Somos quase sempre a verdade do que nos apetece ser. A cada 20 anos renova a sua agenda, os seus gostos, os seus hábitos, menos o de ir caminhando. Esse permanece, dá-lhe vida, como me dá vida a mim vê-lo passear.<br />
Na meninice andou a sonhar o teatro, ser Raul Solnado e provocar o riso. Encher-se de ironias e palavras bíblicas, parecia-lhe um projecto apoteótico! Um espectáculo grande como parece ser este, o da sua vida.<br />
Quando ele se fundir na paisagem, navegar para mais perto dos seus anjos, tenho a certeza de que vamos pernoitar durante muito tempo naquela melancolia persistente que nos faz vislumbrar fantasmas. Porque ele habita paisagens, ruas que se cruzam –não mais do que dez ou vinte- e essas ruas têm o nome dele e. E nós temo-lo a ele, às ruas e ao seu nome dentro de nós, numa geografia que desenha a nossa cidade.<br />
<div>
<br /></div>
C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-58211801184179362722012-09-14T06:13:00.000+09:002012-09-14T06:14:29.467+09:00Cara Parede e LhasaUm dia disseste-me:<br />
tenho o meu nome esquecido na tua almofada.<br />
Eu gostei da melancolia de encerrares essas letras no domínio dos meus sonhos<br />
e -erradamente- tomei por certo o desígnio.<br />
<br />
Depois passaram-se muitas noites e algumas tinham tempestades (fortes como um pássaro que morre)<br />
outras eram apenas noites na contagem e essas,<br />
ENTEDIAVAM-ME.<br />
<br />
(queria espasmos no tempo, máquinas para brincar com a pulsação) <br />
<br />
Voltava a ler o teu nome e era uma espécie de sorriso ou crença,<br />
como um deus intermitente.<br />
Milhares de festas ocupavam o calendário para disfarçar o que dói,<br />
embora continue a achar que a alegria é uma tatuagem sem retorno,<br />
embora mutável,<br />
embora mutante.<br />
<br />
No Verão ardi a última floresta de ti<br />
e nem precisei de vinho,<br />
bastou a combustão das células embriagadas de cansaços e promessas.<br />
<br />
A almofada bordou-te e esse é um lamento que se acrescenta ao mar que canta<br />
(desafinado como o coração) <br />
Os mitos ainda te escutam,<br />
eu não.<br />
<br />
Eu sou mulher,<br />
tenho carne e ossos e pensamentos vulgares<br />
como este de tentar um poema para adormecer a ansiedade.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-59253009057367242032012-05-18T23:17:00.000+09:002012-05-18T23:17:33.609+09:00.<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF4Eixdo68KfB49I9sd9pjK7WhVK8WPxkyv-dXhzyCfg1R3pC_FYemA_DoTi1ebDaw68KwzggFAFmnpLNRK32_IabBjIpaf-9lfB5yxFRSjDPr9PPNvMv_2-alANpkoKR6RR8dA19lABA/s1600/IMG_5635.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF4Eixdo68KfB49I9sd9pjK7WhVK8WPxkyv-dXhzyCfg1R3pC_FYemA_DoTi1ebDaw68KwzggFAFmnpLNRK32_IabBjIpaf-9lfB5yxFRSjDPr9PPNvMv_2-alANpkoKR6RR8dA19lABA/s320/IMG_5635.JPG" title="repeat (uma constelação de imagens)" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
Uma vez disse-te,<br />
- Tenho um deserto a crescer-me por dentro. -<br />
Ligaste o rádio por cima da minha voz, em tom de protesto!<br />
O "Harvest Moon" rangia nas madeiras do chão,<br />
fazendo do meu estado de alma, soalho conveniente para se deixar tocar.<br />
<br />
Precisava que me desses paisagens que aceleram frémitos<br />
e impulsionam poemas nas mãos,<br />
coisas que os intelectuais compilariam em Tratado<br />
-perdendo longas horas a exercitá-lo no interior da sua mente -<br />
tardiamente assinado pelos únicos reais intervenientes.<br />
<br />
As pessoas são coisas sós e difíceis de arrumar,<br />
embora eu preferisse facilitar o processo numa tabela quântica<br />
que resumisse em poucos traços a hora exacta da minha morte<br />
(mas as tabelas provocam-me abundante angústia).<br />
<br />
Não te compadeças por isto<br />
- isto é pouco!-<br />
lá fora morre gente de frio e de fome,<br />
a monotonia é matéria de alguma disfunção,<br />
como essa de ver pássaros onde só existem pedras<br />
e de padecer de amor por pedras que sonham erosão.<br />
<br />
A escolha devia ser múltipla<br />
ou a ânsia devia ser caustica (até se devorar),<br />
de todo o modo fica-me o declínio para a solidão.<br />
Hoje bebo ondas de mar ao entardecer,<br />
talvez te encontre parado,<br />
paredão,<br />
a renascer.<br />
<br />
<br />C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-53173881681118632062012-03-18T10:07:00.001+09:002012-03-18T10:10:55.462+09:00Ode to the sea (you)Escrevo-te poemas como quem te diz coisas banais:<br />
ontem mataste tudo quando violentamente agrediste o precioso que entre nós havia:<br />
uma cerveja Cristal e dois corpos a cantar.<br />
<br />
Como empecilho - sabes tão bem quanto eu! -não consigo viver,<br />
prefiro a a companhia dos mortos e um entardecer.<br />
Bebo para viver<br />
e se falasse espanhol diria-te com mais certeza: vivo para volver!<br />
<br />
Não se volta ao que se nos perdeu,<br />
mas essa é uma lei estreita como a seiva de uma árvore mítica ou uma árvore de ouro<br />
(tudo árvores, é um facto):<br />
o tesouro - percebi nos últimos séculos - é estarmos atento e esquecermos a receita.<br />
<br />
Vamos fazer novo do velho e quando me dançares como quem escuta<br />
serei outra vez tua,<br />
mesmo que nunca o seja,<br />
sendo-o sempre, sempre, sempre, eterna......<br />
<br />
Sou-te leal e para isso basta-nos o cinema....<br />
De resto, hei-de cortar sempre a Avenida Central para passares,<br />
fazer coisas espampanantes como essa de imitares que me morreste apenas para me magoar.<br />
<br />
Lá fora está um calor que não gosto,<br />
e então o Palma canta a melodia que hei-de pensar foleira:<br />
Encosta-te a mim<br />
e depois disso hei-de inventar:<br />
veleiros- serão mais de mil!<br />
o mar- tão grande ! (obrigada por me salvares).<br />
<br />
Não tenho culpa.<br />
Não tenho medo.<br />
Vou.<br />
Espero encontrar-te.C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-18697232889321980092012-02-09T23:01:00.000+09:002012-02-09T23:01:58.361+09:00"En Heráldica. uno de los modos de designar el azul" (Wikipédia)Quando ela inverteu o corpo,<br />
para que o movimento lhe ocorresse a partir da cabeça<br />
centrando-o no coração,<br />
emocionei-me.<br />
<br />
Deu-me para ficar estática perante o absoluto espectáculo,<br />
chamava-se Celeste Bausch e praticava a dança de existir com ânsias.<br />
Eu descobrira, lendo a profecia dos meus últimos sonhos,<br />
que parte do encanto de prosseguir em respiros,<br />
era o de descobrir gente bonita,<br />
daquela que faz chorar lágrimas válidas (<i>são essas que fazem os rios</i>),<br />
por isso, quando vejo a fotografia do corpo invertido de Celeste<br />
- o corpo celeste-<br />
ou leio os poemas da Susana Aida Poeta Poeta Poeta,<br />
sinto que me elevo e posso saborear a eternidade.<br />
<br />
E basta-me.C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-54169943754294069162012-02-09T01:56:00.004+09:002012-02-09T22:46:45.695+09:00Um nome ridículo ( L´homme aux bras ballants. Yann Tiersen)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj-UMCz_XZg0xtMwidPSA7_nTbMw2CvAAKdp-D6ABdBa7J-s4jgzVT7BVgJ5gF-x-WChCEmgzBYPJkU6DaMATzvdJSPtLM3Vo9msmMDSF8fjeWIisSQKTCF-W-gkIWI5iUqTzyNB1db_I/s1600/DSC01389.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj-UMCz_XZg0xtMwidPSA7_nTbMw2CvAAKdp-D6ABdBa7J-s4jgzVT7BVgJ5gF-x-WChCEmgzBYPJkU6DaMATzvdJSPtLM3Vo9msmMDSF8fjeWIisSQKTCF-W-gkIWI5iUqTzyNB1db_I/s320/DSC01389.JPG" width="320" /></a></div><br />
Antes da Partida:<br />
Colocar os poemas nos olhos e navegar.<br />
Distância a percorrer:<br />
Sempre mais e sempre menos do que a primeiramente imaginada.<br />
<div style="text-align: right;"><i>O mar vai mais a direito para quem tem lados esquerdos cantantes.</i></div><br />
O homem tinha um nome ridículo, mas nada nele ecoava matérias daquela estranha fonética.<br />
Como dizer?...Ele era um poeta e tinha a idade do mundo<br />
<div style="text-align: center;"><i>(que é uma coisa variável e pouco precisa)</i>,</div>Suspirava através da pele, modo tosco de dizer que todo ele transpirava não havendo -<i>no entanto</i>- água visível nas suas redondezas,<br />
somente um suor latente, uma ânsia de eternidade,<br />
ou de ser nu como no primeiro dia em que veio ao mundo,<br />
a única inteireza que ele tinha de tudo ignorar e assim conhecer.<br />
<br />
"Retoco os meus poemas todos os dias, antes de adormecer."- disse-me.<br />
<i>(eu gosto tanto que me digam coisas)</i><br />
Ficou-me a frase, a mim que só me ficam cheiros e suposições<br />
(e intuições),<br />
espécies de tábuas mentais de adivinhação que lêem o mundo<br />
sob uma estranha <i>"INFLUENZA"</i> !<br />
Claro que isso me serviu de explicação para o que se seguiu<br />
e ninguém gostou de ver:<br />
Disparatei e enchi o corpo de esquecimentos,<br />
afinal abandonara-me<br />
- E EU SIM!- tinha um nome ridículo adquirido no último nascimento (relembro: Novembro de 2010),<br />
aquele que mais arrasou das planícies.<br />
<br />
A ventania trouxe-me febre alta,<br />
o fogo todo aceso da extremidade do dedo maior ao cabelo mais ínfimo,<br />
porque sofro das ferozes contra-indicações e apostaram-me num cavalo que não gosta de corridas,<br />
prefere manhã e morrer na Serra a ser silêncio:<br />
<br />
O poeta está lá,<br />
invariavelmente todas as noites,<br />
na mesma cadeira, no mesmo vinho,<br />
no mesmo poema,<br />
a limar-lhe os cantos, a acrescentar-lhe outros.<br />
Se tudo correr bem, nunca mais o visito.<br />
Não suporto amá-lo desta maneira,<br />
sem padecer de mim,<br />
da vida inteira.C-ASAhttp://www.blogger.com/profile/12620515070543222041noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-466899339514216794.post-12841569266986454452012-02-08T08:09:00.001+09:002013-01-02T22:21:02.567+09:00La derniére fois (Cléo au Trapéze – Yann Tiersen). A kind of Tarantela. Este poema tinha que ser visual, desculpa o mau gosto.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBoTzU_7nlxQ_UOHfEAkpNBY6IHI7gGR4V5RELUX8a8ZzDzcslBmYG2u8Zj3EuFqQFRwUCdTFcPiGnpgFlFc-ZlEXYXfs1sHIpkYtVoVQslBNbmLta5_yE4t8NdcORKbnexn9wEhc85WU/s1600/wings-of-desire.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBoTzU_7nlxQ_UOHfEAkpNBY6IHI7gGR4V5RELUX8a8ZzDzcslBmYG2u8Zj3EuFqQFRwUCdTFcPiGnpgFlFc-ZlEXYXfs1sHIpkYtVoVQslBNbmLta5_yE4t8NdcORKbnexn9wEhc85WU/s320/wings-of-desire.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;">Wings of Desire- Wim Wenders and Peter Handke (a ODE)</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Penso:</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 8pt; line-height: 115%;">Põe-me do avesso para poder voltar a ver-te dançar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
Sussurro:</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">Põe-me do avesso para poder voltar a ver-te dançar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
Repito:</div>
<div class="MsoNormal">
Põe-me do avesso para poder voltar a ver-te dançar!</div>
<div class="MsoNormal">
Grito:</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="text-transform: uppercase;">Põe-me do avesso para poder voltar a ver-te dançar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<i>(a memória guarda-se (te) no lado contrário da cabeça, <o:p></o:p></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<i>no lado de dentro dos olhos<o:p></o:p></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<i>no lado de baixo do mundo)<o:p></o:p></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>Quero rever (TUDO) ,<o:p></o:p></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>coisas como por exemplo:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O aquário <span style="letter-spacing: 1pt; position: relative; top: -3pt;">(improvisada pista de dança) </span>tinha a medida do teu sonho, </div>
<div class="MsoNormal">
o que era uma forma de o nomear vasto. <span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">amplíssimo</span>. <span style="font-size: 22pt; line-height: 115%;">imenso</span>.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-left: 35.45pt; text-align: right;">
<i><span style="font-family: 'Courier New';">A circunstância: <o:p></o:p></span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-left: 35.45pt; text-align: right;">
<i><span style="font-family: 'Courier New';">Era 1997, <o:p></o:p></span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-left: 35.45pt; text-align: right;">
<i><span style="font-family: 'Courier New';">fazia Dezembro em todo a banda,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-left: 35.45pt; text-align: right;">
<i><span style="font-family: 'Courier New';">eu envelhecera para ter o tamanho certo para te caber.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pelas laterais surgiam sóis que eram muitos, ofuscavam!</div>
<div class="MsoNormal">
Essa incandescência era ,no entanto,<br />
<span style="font-size: xx-small;">mui </span>tímida, silenciosa,</div>
<div class="MsoNormal">
contradizendo os princípios do fácil esplendor.</div>
<div class="MsoNormal">
Redundantes espectros, <i><span style="font-family: 'Courier New';">bem vistas as coisas</span></i>,</div>
<div class="MsoNormal">
porque a vida a sério nunca se vislumbra em ocasiões festivas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Porquê?<br />
Porque avistando-te à noite<br />
agarrado a uma mulher de andar estranho e origem duvidosa,</div>
<div class="MsoNormal">
a beber vinho barato que tinge os dentes cor de sangue</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<i>…e tu a sangrares coisas de tempos que não sabias materializar<o:p></o:p></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<i>…e eu imersa em desgosto de não ser corda vocal para sonorizar o mais fundo de ti…<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Parecias vulgar,<br />
tipo coisa de se dar gratuitamente e sentir alívio ao ver ir-se embora,<br />
porque possuído de ruim <b><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;">/atormentada/ </span></b>aparência.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Claro que o teu íntimo era outro!</div>
<div class="MsoNormal">
- <span style="text-transform: uppercase;">Esse era o motivo</span>!-</div>
<div class="MsoNormal">
esse foi sempre o motivo pelo qual voltava aos teus lençóis e chorava como um bebé</div>
<div class="MsoNormal">
que sofre de toda a tua ausência - da que foi e da que virá –</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>TU ÉS A AUSENCIA!<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
Porque eu era a evidencia -a PROVA- da quimera<br />
quando enredada em ti</div>
<div class="MsoNormal">
e tudo, mesmo o teu predilecto <b><span style="color: #c00000;">excesso, </span></b>podia ser objecto simples de agarrar e comer - <b><u>sem saborear</u></b>!</div>
<div class="MsoNormal">
O sabor perdura longamente - avisavas-me! - enquanto vestias a cama de coisas que eu não queria ver.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 127.6pt;">
<b>Afinal também sabias ser mau, vocação que te defendia da dor.<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Antes de consumir a tragédia, </div>
<div class="MsoNormal">
partias os meus desejos em coisas práticas e feias.</div>
<div class="MsoNormal">
Eu, transformada algoritmo</div>
<div class="MsoNormal">
<i>-sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas, segundo a Wikipédia-</i></div>
<div class="MsoNormal">
voltava aquela casa “que não tinha tecto, não tinha nada",<br />
viva de irónica infância.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Deixo-me na montra do palacete onde celebraremos o casório do impossível,</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Para que não te enganes ao encontrar-me, situa-se numa janela principal</div>
<div class="MsoNormal">
mas talvez atravesses a rua novamente sem olhar.</div>
<div class="MsoNormal">
Sou bibelô onde podes pousar a beata do cigarro</div>
<div class="MsoNormal">
e deixar -como numa dança- o olhar fugir-se e pensar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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